30 de ago. de 2006

Se fosse você e já não eu
Soubesse eu o que quer que seja
Fosse, e não ainda sido
Seria tal como és.

Diria o já dito
Irremediável, incrível
E ainda diria mais.

Das formas, do encanto
Do sabê-la única, envolta
E de novo e ainda
Azul.
Snebarap arp êcov
Assen atad adireuq
Satium sedadicilef
Sotium sona ed adiv


Parabéns chefinho...
Que você ainda desfrute de muitos bolos de maçã!
(Como estilhaçar um óculos cor-de-rosa em três horas numa sala de primeira série)

Foi assim meu primeiro contato na escola onde estudei dos 7 aos 15 anos:

Aquele menino ali, foi jogado no lixo duas vezes: primeiro, pela mãe, foi pego por uma família, e jogado no lixo de novo. Hoje é cuidado por outra família
Aquele outro, estava no colo da mãe quando ela foi baleada.
Aquele outro, no ano passado, o pai dele saiu da cadeia pra passar o dia dos pais em casa, foi baleado e morreu. Ele chorou e tudo. Depois, outro dia, veio todo feliz me dizer que o pai dele, não era o que morreu, era o tio, o padrinho. Eu disse: que bom, né? Pelo menos seu pai não morreu.
Aquele outro disse que tem dia que chega muita droga na favela, que é o maior alvoroço, todo mundo fazendo papelote.

Já na sala:

Professora, o Joãozinho mandou eu tomar no rabo!
Bem-feito! Ontem vocês não estavam todos amiguinhos, in-love? Olha só o que você ganhou com isso!

Professora, o Josézinho cuspiu em mim.
Professora, o Josézinho colocou o pé pra mim cair.
Professora, o Josézinho me chutou.
Professora, o Josézinho me bateu.
Professora, o Josézinho pegou o estojo da Mariazinha.


Depois eu conto o resto.

28 de ago. de 2006

Tudo isso só pra mim!

Sorrisos! diz:
tô regando pouco minha florzinha...eu sei disso...mas vc continua no meu jardim...todos os dias eu passo por ele e vejo a flor fuda lá, que, mesmo sem eu regar, continua linda e perfumada...

realmente Quintana era o poeta das coisas simples (e sábias):

DA OBSERVAÇÃO

Não te irrites, por mais que te fizerem...
Estuda, a frio, o coração alheio.
Farás, assim, do mal que eles te querem,
Teu mais amável e sutil recreio...

um presente...uma água pra minha flor
MissPlic

Sonhei que para uma pesquisa, precisa recolher diferentes amostras de sorrisos. Como não havia nenhum método, nenhuma regra, saía procurando as pessoas e recolhendo seus sorrisos, e nunca tinha o bastante, e pegava várias vezes o mesmo exemplar. Acordei no meio da noite consciente, dei um tempo para ver se o sonho ia embora, mas ao fechar os olhos, sonhava-o novamente.
Depois sonhei que brigava com minha mãe, na verdade, ela brigava comigo. Eu ficava encolhida na cama da minha avó, chorando.
Por fim, sonhei que comia arroz japonês num saquinho, e jogava por cima, uma espécie de comida de peixe num azul muito forte. Depois o arroz se transformou em soja sem sal, e com um haschi, eu comia, dava um pouco pra ana, pra ju e pra adrianinha.

Acordei passando mal, com vontade de vomitar e dor nos ossos. Pensei umas três vezes em não vir trabalhar, mas não seria justo com as outras pessoas. No caminho, pisei numa pedrinha e isso me doeu na alma. Acho que sou incapaz de abrir um vidro de maionese. Dói tudo.

Se eu pudesse fazer um pedido hoje, pra um ente superior, eu pediria pra não ter que acordar às 4h20. Pediria pra poder amanhecer com o dia, me aquecer junto com o sol, a cada manhã.

26 de ago. de 2006

O olhar de cada pessoa para o mundo é único. É como nunca saber se o verde visto pelos outros é o mesmo que vemos. Ver por outros olhos é a única maneira de viver a vida plenamente, vê-la de outros ângulos, ainda que nunca em sua totalidade.

Por isso ame, se apaixone, diversas vezes, por tantos ou pelo mesmo. Veja por entre as várias janelas, espie por entre as frestas. Sempre haverá os felizes e de bom coração. Sempre haverá as almas únicas.


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A música... sempre ela, sempre fazendo saudar o não vivido.
(Save a Prayer - Duran Duran
The Boy with the Thorn in His Side - The Smiths
Tainted Love - Soft Cell)

22 de ago. de 2006

Pra pensar no tempo...

Hoje passei um perfume antigo: 10 anos atrás eu ganhava de dia dos namorados o cheiro a Glauce. E até hoje, é o cheiro dela que eu sinto, quando chegava na minha casa para irmos à escola. Minha grande amiga, que adquiriu o título de "melhor" já há 12 anos, desde que tínhamos 12 anos. Metade da minha vida já, e ano que vem, mais que isso.

Ainda sobre o tempo, a estranheza de ouvir alguém dizer seus 29, 30 anos e achar demais, como se eu estivesse muito longe disso, e já está aí.

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Refiz meu currículo. Uma (me recuso a escrever "um") dó de tirar coisas já sem importância, porque pra mim se fazem importantes. Uma angústia sim, de tirar as coisas. As coisas são eu, são o que eu sou, o que me fizeram, tudo é tão fundamental, tão , tão, e ainda faltam tantas, faltam os brinquedos, os dias no parque, com os primos, na escola, os professores, os livros, os perfumes, tudo faz sentido e não pode ser deixado de lado. Mas isso não importa. O que vale são os nomes. O que vale são os títulos. O que vale, mais uma vez, é o que se mostra, e fica pra trás tantas outras, mais importantes...

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O Sr. Escafandro, em uma viagem longa ao fundo do mar, se perdeu. Algum elo que o liga à superfície está se esvaindo. Eu quero salvá-lo, eu preciso...

21 de ago. de 2006

Ontem, no metro, voltando da festa da Nossa Senhora Achiropita, havia um homem pálido, passando muito mal. Contrariando os funcionários do metro e alguns passageiros, não queria ser levado ao hospital. Ele mostrava os braços, cada um com uma mancha rocha, e dizia: "Olha o que fizeram comigo, olha! Eu prefiro morrer aqui dentro, do que voltar pra lá". Na saída, no terminal Tucuruvi, mal se agüentava, e foi ajudado por uma moça a subir as escadas.
Naquele momento, vendo o quão frágil somos, vendo o que nos espera daqui há 50 anos, vendo o que passam essas pessoas, pensei na vida: como super-valorizamos coisas tão pequenas, tão ridiculamente pequenas. Senti vergonha de me importar com o que as pessoas pensam, com as picuinhas, com os joguinhos de vaidade, com as infantilidades. Senti vergonha por ajudar a alimentar a falsidade, e por alguns instantes, resolvi ser eu mesma a partir de segunda-feira, poder dizer "vai se foder" quando eu bem tiver vontade, dar as costas, deixar falando, rir na cara, ridicularizar toda essa gente que se acha tanto, e que não é nada.
Hoje é segunda-feira, e eu não vou fazer nada disso, mas sim, algo mudou. E eu vou lutar para que permaneça, porque é algo em que eu acredito.

15 de ago. de 2006

E de repente uma ponta de felicidade instantânea: sai uma aula mais cedo na PUC e nem me preocupei em perder uma aula pela qual paguei caro. O Minhocão estava livre, e cheguei em casa muito rápido: só uma hora e meia!!!!

Tomei uma limonada estupidamente gelada e comi bolo de cenoura. De noite, fiz sopa de legumes com pimenta do reino.

Assistindo "Cidadão Brasileiro", uma vontade louca de acumular capital, comprar, vender, fazer investimentos, ganhar dinheiro, ganhar a vida. Vontade de progredir, ânimo para um próximo dia.

Apesar da noite mal dormida, dos sonhos horríveis que eu já esqueci, um lindo dia começou. Hoje cedo, li matérias de jornal e blogs inteligentes. Com chinelinho de cangaço e cheiro de madeira, estou estranhamente feliz.

Hoje vou ler, ler muito, estudar. Quero saber tudo, participar de tudo. Quero viver, deixar esse dia marcado na memória. Viver.

E viva minha felicidade!!!

14 de ago. de 2006

Essas são todas as moranguinhos que eu tive, mais o balancinho, a casinha e a confeitaria. Graças a tudo isso, hoje eu sou quem sou.

13 de ago. de 2006

Cada dia mais eu sinto a angústia, o aperto no peito, a vontade de chorar. Cada vez mais intermitente, mais constante, a dor, a vontade de parar tudo, de não querer seguir adiante, e não ter que fazer escolhas, de se deixar levar inconsciente.

É esse o pior momento da minha vida. A hora de colher os pequenos frutos, sentir seu gosto amargo, e descobrir que se errou.
E parece que está tudo em paz no reino das cinco Marias, com direito a promessas de trabalho até o fim do ano e boas risadas durante o dia...

Que tudo seja assim, que consigamos cada dia mais, cultivar a felicidade, porque a vida por si só, já se encarrega de foder com tudo. A gente não precisa contribuir ainda mais.


Amo vocês, minhas meninas lindas...
Às vezes eu acho que nunca vai acontecer de uma velhinha solitária e simpática me vir (é assim mesmo ou é "ver"?) passando na calçada e resolver me doar sua casa antiga na lapa, só porque seus filhos e netos não lhe dão a mínima bola e eu tenho cara de que cuidaria muito bem do seu lar... é, é difícil mesmo uma coisa dessas acontecer, mas eu não perco as esperanças...

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Hoje fiquei pensando quais serão meus sonhos depois que eu já estiver instalada no meu apartamento lindo no centro... o que será que eu vou querer? No que vou pensar todos os dias antes de dormir?

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Sim, virou uma obsessão.

10 de ago. de 2006

MissPlic

Paramos em frente à casa de uma atriz que iria nos receber para uma entrevista. Ela era de origem humilde, muito simples ainda, apesar da fama. Era uma casa antiga, pintada de verde escuro, três andares, uma escadaria fina e irregular que levava ao alto. Ela desceu com um cachorro, e eu, olhando para o alto, vendo a casa, chorava desesperadamente, porque não tinha uma, porque queria ter uma casa para morar no centro, uma casa antiga, como aquela, ou muito menor do que aquela, e isso estava muito, muito longe de mim, porque eu ganhava mal, muito mal, e jamais conseguiria.

Depois saí correndo, seguindo uma amiga, por um lugar muito, muito, muito grande, escuro, com algumas colunas. Eu não conseguia alcancá-la. Era uma espécie de museu, mas estava vazio. Uma madre veio ao nosso encontro, dizer que não podíamos estar ali. Ela nos levou para uma lojinha, e perguntou meu nome e meu endereço. Ela pediu à vendedora um papel especial, onde os escreveria para uma espécie de proteção para mim. Enquanto isso, com mais duas colegas, escolhia, dentre muitos, o incenso do meu signo. Quando encontrei, não gostei, e escolhi um outro.

Fim.

8 de ago. de 2006

Acorda, come, trabalha, come, dorme, acorda, come, trabalha, come, dorme, acorda, já não come, trabalha, dorme, acorda, trabalha, come, trabalha, dorme, acorda, só trabalha e não dorme, trabalha, trabalha, dorme.

E tudo novamente, e de novo, tudo igual.

1 de ago. de 2006

Quando seu superior diz meio literalmente-meio mimicamente que você tem merda na cabeça, é hora de fazer alguma coisa, seja ela o que for.

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Tem farpas que a gente pode até não ver, mas elas estão lá. Quando se está mais distraído, se nota a pequena e incômoda dor...

:(

Não trabalhar tem um efeito poderoso na trajetória de uma vida. Primeiro de liberdade, de merecimento, de possibilidades. Depois de paralisi...