31 de mai. de 2006

Futuros Amantes
Chico Buarque
Composição: Chico Buarque


Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios
No ar

E quem sabe, então
O Rio será
Alguma cidade submersa
Os escafandristas virão
Explorar sua casa
Seu quarto, suas coisas
Sua alma, desvãos

Sábios em vão
Tentarão decifrar
O eco de antigas palavras
Fragmentos de cartas, poemas
Mentiras, retratos
Vestígios de estranha civilização

Não se afobe, não
Que nada é pra já
Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você
Eu participei do Dia do Desafio!!!

A turma do fundo do mar também estava: uma linda ostrinha, Sr. Escafandro e mais alguns tesouros!

É divertido divertir-se entre amigos, mesmo com micos-leão-dourados (Tatuda, é assim o plural desses lindos animaizinhos?) por toda parte.

Meus pares foram bizarros, mas ainda assim, valeu! Teve tiãknoris chinês, samba e samba-rock!

Ai que divertido!!
Freud!!! MissPlic, missPlic!!!!

Estava num ponto de ônibus num bairro estranho, em que nunca estive. O ar estava meio amarelado, estilo filmes brasileiros antigos que mostram campos de futebol no subúrbio.
O ônibus demorava a chegar. Alguns meninos, do outro lado do muro, num terreno abandonado, jogavam pequenas pedras na rua. Uma delas pegou em mim. Fui até o muro. Havia um pequeno buraco quadrado, por onde via o menino do outro lado. "Você é retardado?" Plic! Outra pedra, nesta vez, na testa. Plic! Outra! "Você é um débil mental, sabia disso? É isso mesmo, um débil mental". Atravessei a rua. Um avião enorme ía caindo aos poucos, há mais um menos um quilômetro a frente, rodopiando, como nos desenhos animados. E caiu. Um barulho enorme, o chão treme. Vem outro, igual, e cai também. A Cacá aparece. Ninguém demonstra muito espanto. A Cacá diz que precisa sair de lá. Digo que estou indo para o Metro, se ela não quer ir também. Ela recebe uma ligação no celular. Diz que sua mãe a aconselhou a ir para uma região mais tranqüila da cidade, e por isso não ía comigo. Ela me diz que precisa pegar a linha 3 do Metro. Digo que a linha que vou pegar é exatamente a 3. E vamos. Chegando, o metro meio novaiorquino. E acaba.

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A Cris e o Tanga, muito feios, gordos. A Cris grávida, muito feia, com um batom roxo. O Tanga também. Penso que a lembrança que tinha deles é que eles eram muito bonitos. Essa imagem é meio esverdeada.

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Muitos ratos minúsculos entram pela porta da minha sala quando a abro, e vão correndo se esconder debaixo da cama da minha mãe. Eles são recém-nascidos de uma rata-gato. É enorme, e marrom. Minha mãe a pega, coloca numa forma de vidro, coloca duas bengalas de pão por cima, e começa, com um objeto não-identificado, a cortar a barriga dela. Sai coisas estranhas, uma espécie de farofa amarela e vermelha. Mais ratos, mais ratos. Não consigo controlá-los, tenho nojo de pisar sobre eles.

Fim!

30 de mai. de 2006

Parabéns Anita!!!!!













Brincando com o gelinho furado!












Algumas considerações nesta manhã

As gaitas e as vozes sobrepostas são sons que alimentam a alma.

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Refrão de Bolero tocou exatamente hoje, na hora em que eu estava ouvindo rádio, para que eu me lembrasse do momento mais triste da minha vida, e visse que ele já não dói no peito, já não sufoca. A dor passa, é espanada de tanto lembrar.

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Algum devaneio sobre a confiança no coração.

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Pela manhã me lembrei que minhas aulas na pré-escola tinham cheiro de tinta guache, misturado ao frio das cadeiras organizadas de quatro em quatro, sobre o frio das manhãs, e o medo das primeiras aulas.

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Tudo o que vivi contribuiu para o que sou hoje, tudo, não outro. Qualquer outro toque, abrir de portas ou cair de copos, produziria uma diferente, uma não-eu. Cada relação feita é como um píxel, com posições definidas, mas de indefinidas variações, que juntos, produzem meu código-cor, que não é feito só de cor, mas de uma imensa matriz de cheiros e sons.

29 de mai. de 2006

O dia amanheceu triste e frio.
Nos vidros dos carros resmungavam as últimas lágrimas pelo ocorrido, tantas, que ainda pairam no ar.
Até a linha Princesa Isabel se atrasou trinta minutos, para fazer lembrar o quão solitária e triste pode ser a espera.

... E passará a usar no peito um "S" múltiplo.
Um, oculto, de silêncio.
Outro de saudade.

24 de mai. de 2006

Otacília em três momentos

Hoje a Tatuda está vestida assim:

Freud, explica-me!

Essa noite sonhei coisas estranhas... como estou estudando psicanálise, vou aproveitar para relembrar meus sonhos e interpretá-los depois...

Sonhei que procurava a rua Coriolano, depois de vir de um lugar esquisitíssimo, ondem havia uns pedreiros trabalhando num aterramento. Eu fui perguntando onde ficava a rua, e a caminho dela, parei numa loja de roupas e artigos indianos. Assim que entrei na loja, enquanto a vendedora me mostrava os vestidos, eu ficava cutucando o dente da frente, até que consegui descolar alguma coisa do dente e percebi que essa coisa estava unida a um fio, que ía garganta adentro. Eu puxei, e na ponta do fio que devia ter uns vinte centímetros, estava amarrada uma espécie de moela, quase sangrando. Eu tentei disfarçar e joguei aquilo no chão, como se ninguém fosse perceber o que eu tinha feito, mas a vendedora, também disfarsando, ficou pisando naquilo contra o chão, pra ver se fazia ficar menos visível... Depois disso disse à vendedora que estava procurando uma saia para uma amiga minha que faria aniversário - a Ana - e ela me mostrou alguns modelos, mas eram todas saias leves, e eu disse que queria saias de inverno... Até me interessei por uma, cheia de fitinhas de cetim bege, e cheguei a perguntar à vendedora "Quanto era o roubo?". Ela sorriu como se confirmasse que a saia era realmente muito cara. Então eu disse que preferia nem saber o preço. D
epois disso saí da loja. Eu estava indo ao Senac, já estava atrasada, eram 10h50min quando olhei no relógio, mas eu queria passar numa loja de brinquedos que tinha na Coriolado antes de ir trabalhar. Na hora, eu pensei que poderia chegar um pouco mais atrasada, porque tinha algum tipo de atestado. Enquanto procurava a loja, ficava pensando que lá vendia vários brinquedos que eu tinha na minha infância. Lembrei especificamente de uma bonequinha de plástico, oca, que tinha um lacinho na cabeça e os braços abertos. Eu cheguei a entrar nessa loja que procurava, mas percebi que não era ela, que tinha me enganado. Então saí, e depois não me lembro de mais nada, acho que acordei.

Bom, foi isso...

23 de mai. de 2006

O que é, o que é?

Pode ser fofinho e simpático
Ou zangado e muito sério
Tem ondinha no cabelo
E só usa tênis velho?

21 de mai. de 2006

Eu prometo pra mim mesma, nesse último dia de férias
não me deixar contaminar
ser eu mesma, e lutar pelo que eu acredito

E se perceber que é de fato irremediável
e já não tiver mais forças pra ir contra

ser honesta o suficiente comigo e com tudo
e procurar algo para novamente me apaixonar.


P.S.: Sr. Escafandro, me ajude nisso, certo?
Sinestesia

A Estação de Metrô da Penha, mais especificamente a rampa que leva das catracas do Metrô até as plataformas internas de ônibus, entre as 17 e 18h, tem o cheiro único das crianças brincando em seus quintais no cair da tarde. As crianças que ainda não vão à escola, e que brincam nos quintais, solitárias, enquanto suas mães fazem a janta. Também as crianças que estudam à tarde, e estão voltando da escola, e abrem o portão, e inspiram o cheiro que irá mudar suas vidas tantas vezes depois.
É um cheiro único, de tarde que teve dia quente, sol, e que começa a se guardar. Cheiro de uma felicidade triste, morna e muito, muito saudosista.

O cheiro que tinha a minha casa, até os meus cinco anos, em que eu brincava sozinha no quintal, enquanto minha mãe fazia janta.

16 de mai. de 2006

Não poderia ser fácil explicar.

O porquê de tanta falta, tanta cumplicidade
Tanto carinho, respeito, afeto, admiração.

Se pouco é o convívio
Se no cara a cara, nada é dito
Poucas são as atenções.

É porque não é preciso palavras.
Demonstrações.
Gestos.

Todos estão ditos, demonstrados, vistos e sentidos.

Num só olhar, toda troca: toda dor e toda felicidade.
Todo amor, que eu sinto por você.

15 de mai. de 2006

Sabe qual é o cúmulo da dualidade "sou criança ou sou gente grande"?

É você emitir quatro folhas de cheque no caixa eletrônico, e ainda assim, não poder passar os cheques, porque se esqueceu de como é sua assinatura.

Eu bem que tinha avisado que é muita responsabilidade uma pessoa ter que assinar sempre do mesmo jeito...

:( Acho que ainda sou criança...

14 de mai. de 2006

Não suportarei outro final de semana
Sei que não suportarei
Está por um fio

"Você só pensa no belo"
Sim, a estética marcando o caminho
Direcionando o olhar
Porque não é errado querer o belo, e eu o quero

A solução há alguns quilômetros
Talvez não uma cidade, mas um continente inteiro

Fugir para onde não entenda os ritos, e não possa me enojar deles
Fugir para onde não compreenda, e não me cheguem as falácias sem sentido
Conhecer outra raça, de pessoas ou não, que me mostre o real motivo, e como ser feliz

Preciso ser feliz
Nunca tanto
A tristeza tão sem porquê
E nunca tão motivada

O grito tantas vezes aprisionado
A lágrima tantas vezes contida
O sofrimento, sempre, sempre presente...

Um pedido de ajuda, um gesto de desespero.

11 de mai. de 2006

Águinhas salgadas
Pesadas, geladas


Peixinhos, Ostrinhas
Minhocas do mar


Até as alguinhas e moluscos estranhos

Com o Sr. Escafandro
Querem nadar!

E tentam de tudo, procuram um espacinho
O grande capacete tentam burlar

Pra lá no fundo, bem no fundinho

Entrarem no espaço quentinho
E no Sr. Escafandro irem se aconchegar!



Como fazer o melhoooooor feijão do mundo (com poucos ingredientes, claro, porque poderia ficar muito melhor se tivesse mais coisas pra colocar!)

Frita muitos baconzinhos!!!
Coloca muuita cebola cortada bem fofinha!
Coloca três dentes de alho-gigantes e amassadinhos!

Frita Frita Frita

Coloca cenourinha ralada
Coloca um pouquinho de pimentão cortado em quadradinhos

Frita Frita Frita

Coloca o feijão-nojento-cheio de água-de-cozimento-nojenta
Coloca Alho e Sal!!!!! (a melhor parte é colocar sal!)
Coloca pimenta baiana
Coloca um louro muuuuuito grande!!!! Nham nham nham!!!!
E muuito coloral pra ficar vermelhinho!

Pronto! Agora, cozinha em fogo baixo, sempre mexendo MUITO, "Porque se não mexer, não dá certo!" - Essa última frase é minha, patenteada!!!!


Estou feliz!!!!!!!!!!

O melhor almoço das férias! E fui eu quem fez e fui eu que fiz (as duas coisas)!

Arroz com feijão-fofo-da-fuda-fofa! Melhor que isso, acho que
só o feijão do (que se bobear, deve ter Kani e besouro-suco)!!!

9 de mai. de 2006

Hoje, dia de visitar a vozinha.

Aventura no ônibus da zona leste. E como é feia, como contagia, vicia, como desola. Pessoas feias, músicas, ruas, casas igualmente feias. F E I A S ! ! ! Mas há também, uma aqui, outra ali, casinhas fofas, entre as tantas, que têm vasinhos na janela. E há ruas, entre tantas, que parecem deslocadas no tempo e naquele ridículo espaço.
- Viadutos, fábricas, tijolos expostos, bares, botecos, "lojinhas", gordas.
- Pracinhas da prefeitura para embelezar o viciado. Desprezível.
- Crianças que se acham grandes, todas iguais, saídas em série. Engrenagens chaplinianas. Todas com defeito.

Muito tempo para chegar tão perto, logo ali, e poder almoçar a comida mais gostosa do mundo, na companhia das melhores pessoas do mundo. Flores que vivem no meio do lixo.

E na volta, como é linda minha Guarulhos!

P.S.: Sim, o outro lado: pessoas sem oportunidades, que trabalham o dia todo, ganhando pouco, quase nada, e que se divertem conversando nas ruas, morando nas casas, bebendo nos bares, fazendo compras nas lojinhas. Jovens sem perspectiva, a procura de uma identidade, que encontram na mídia, que os padroniza. Humilhação nos ônibus lotados. Cansaço. Eu vejo os dois lados, sempre! Mas ainda assim, posso dizer: como é feia a zona leste! E como é feio esse jeito de viver.

"E são felizes."

4 de mai. de 2006

O céu se tinge de rosa
Até o anoitecer pode ser delicado e sensível

E mesmo que só no tempo deste escrever
O rosa já não seja mais rosa, já tenha esmaecido

A lembrança permanece
Dos momentos felizes, quase esquecidos.


17h53 – o horário marcado, agora de outro modo

Não trabalhar tem um efeito poderoso na trajetória de uma vida. Primeiro de liberdade, de merecimento, de possibilidades. Depois de paralisi...