30 de jun. de 2006

Hoje é o grande dia: a entrega do trabalho final. Depois disso: férias!
Tempo para pensar, colocar as idéias em dia, ler, sair, dormir. Tempo também de não ter mais desculpa para deixar as coisas como estão. Está difícil saber o que esperar do dia seguinte. Difícil saber o que quero pra minha vida. Angustiante saber que, quando não se sabe o que se quer, não se chega a lugar nenhum. Preciso querer algo o quanto antes.

Minha cabeça dói, pulsa. Admiro os doentes crônicos, porque qualquer dor física, por menor que seja, me derruba. No entanto, começo a preferi-las às dores do coração, porque essas, não só derrubam, mas são degenerativas. Nunca se volta igual.















P.S.: hoje vou pegar "Alice no País das Maravilhas". Livro inédito para mim. Se bem me conheço, em breve esse espaço estará repleto de pensamentos advindos dessa leitura.

25 de jun. de 2006

Tinha um cãozinho morto, duro, com as duas patinhas da frente amputadas, só os toquinhos. Eu peguei o cachorro com uma mão só, e o arrastei por um tempo. Os toquinhos das patas, no contato com o chão, faziam o barulho de papel de alumínio sendo arranhado na parede. Joguei o cachorro num canto, no chão. De repente percebi um movimento. Olhei nos seus olhos. Ele estava vivo! Estava totalmente imóvel, exceto por seus olhos que se mexiam pra mim, como se a vida estivesse presa àquele corpo mutilado. Fiquei um tempo com ele, fazendo carinho, meio receosa que ele pudesse me morder. Imaginei que pudesse sentir dor.

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Ando vendo fotos estranhas no Orkut. Gente muito estranha. Até que ponto chega o exibicionismo...

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Lendo os blogs do David e da Ligia me dá uma inveja tão boa... A resposta para algumas perguntas internas.

23 de jun. de 2006

Pra não dizer que não falei da Copa

Ontem, liberados às 13h30. A partir daí, o itinerário:
- Praça Cornélia - terminal Barra Funda
- Terminal Barra Funda - terminal Penha
- Terminal Penha - casa fofa da Fuda, sem ninguém, a não ser Tina - a papagaia que acha que é cachorro bravo, Yuri - o cachorro que acha que é gato medroso e Boizinho - o cachorro que acha que é Canguru-Esfinge-do-Egito-Bailarino.

Me permiti colocar uma roupa confortável e horrível. Fiz um suco aguado de pêra - light. Estourei uma panela de pipoca e salguei demais, com Aginomoto pra completar.
Tentei puxar papo com a Tina que me picou. E picou e picou e picou. Resultado: fui assistir ao jogo sozinha, tomando 1,5 l de suco e comendo toda a pipoca antes que terminasse o primeiro tempo.

Estava um sol gostoso que fazia um reflexo imenso na televisão, mas não tinha problema. Eu estava feliz.

No segundo tempo, o cãozinho-gatinho fez xixi na porta do meu quarto e ficou debaixo da cama. O cãozinho-canguru-esfinge-do-egito-bailarino fez xixi no corredor todo e ficou comigo no sofá, quietinho - a seu modo - e tudo acabou bem!

Pronto! Agora posso dizer que a copa não passou em branco.

Só faltou uma companhia pra dividir a pipoca :(


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De manhã fui na audiência do Arthur. Foi muito, muito bom reencontrá-lo a ele e ao Juliano. As notícias não foram tão boas: o Ju descasou e a Ju pré-descasou. Fiquei chateada de verdade, mas por outro lado, é como eu já disse: é bom ver como há coisas que nunca mudam. E é bom voltar a encenar grandes papéis que fizeram sucesso no passado. É bom voltar a ser a Silvia de antes, poder transportar as falas, as piadas, as tiradas. Bom sentir-se querido por pessoas também queridas, e que somem no tempo, e poderiam sumir pra sempre, se uma causa trabalhista não nos tivesse unido novamente.
Que bom que existem esses momentos. Que pena que não somos nós mesmos a criá-los.

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Quem já viu uma empresa fechar, sabe os sintomas. Sinto-os todos no ar.

19 de jun. de 2006

Em quatro tempos

Amapoula, do espanhol “bela flor”.






Minha Amapoula

Neste dia, celebro sua beleza estonteante
Que se mostra em diferentes fases, e nem por isso menos bela.

Num momento fresca, suave, linda em sua simplicidade
Noutro, a erradiar luz própria, despertar o bem-querer
Como se fosse muitas, num campo a emanar felicidade
E num piscar de olhos, misteriosa, a nos envolver.



Parabéns Cacá!

14 de jun. de 2006

Donuts

É muito mais que bolinhos de massa leve recheados e passados no açúcar.
É muito mais que seis unidades amontoadas numa caixinha a balançar e esperar durante todo o dia.
É mais que o cumprimento de uma promessa.

É por um único sorriso.
Um poema todo declamado em vozes surdas.

Meu agradecimento, também é muito mais que essas palavras.
E ele sabe disso...

Meu querido Sr. Escafandro.

13 de jun. de 2006

Depois de ontem, apenas um pedido:

Aos homens:
Adquiram o hábito de usar papel higiênico todas as vezes que forem ao banheiro, por favor. Se utilizarem transporte coletivo ao final do dia, reforço o pedido. As pobres meninas pequenas que, quando sentadas, ficam na exata altura do membro, não têm a obrigação de sentir o odor dos vestígios de uma média de seis urinadas diárias.

Às mulheres de menos de 17 anos:
Quando estiverem no cio, por favor, não dêem demonstrações públicas de seus instintos mais primitivos. Pequeninas meninas, após um dia muito pesado de trabalho e estudos, só querem um pouco de silêncio e paz nos transportes coletivos, para poderem agüentar a viagem de quase duas horas, passando mal em meio à multidão e ao calor.

Aviso geral:
Quando trasnportando carga, favor tomar o cuidado de não esfregá-la freneticamente no rosto, ombro, braços e outras partes das pobres e quase insignificantes meninas que estão sentadas logo à frente. Elas não têm - e definitivamente não têm - a menor culpa se conseguiram se sentar e você não. Se as pequenas estiverem passando mal, elas não têm, inclusive, a obrigação de segurarem sua carga. Não usem o ressentimento para descontarem a raiva de suas pobres vidas nesses pequenos seres.

Muito obrigada.

P.S.: Estou no limite.

8 de jun. de 2006

Plic, Ploc

Numa loja, selecionava algumas peças para experimentar no provador. Ficava escolhendo dentre vários conjuntos de lingerie que, agora me dou conta, eram do tamanho de uma criança recém-nascida. Eram peças brancas, em que as partes superior e inferior ficavam ligadas de alguma maneira. Peguei várias, mas me dei conta que também precisava de algumas peças da cor bege. Fui escolher essas, mas já eram em tamanho real.
Depois, escolhia entre vários casacos longos. Acabei pegando um num tom de jeans escuro, mas quando vesti, se transformou em branco com bolinhas pretas. Mostrava para minha mãe, era lindo.

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Na cama da minha mãe, eu, a Ana e um garoto desconhecido. Ele vira para ela e diz: "Você está mais gordinha, não está?" Ela responde: "Não, eu estou tentando chegar nos 57 Kg, pra poder manter. Eu já estou com 57,4 Kg, quando chegar nos 57,7 Kg aí eu paro. É mais fácil pra manter".

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No meio da noite, a sensação de morte outra vez presente. A certeza, o inevitável, como se dissesse: "Você está viva? Então, não tem jeito, vai morrer."

Sensação recorrente.

7 de jun. de 2006

MissPloc

Na casa da minha tia, os filhos da Zilma e da Teresa, com idades muito próximas, ambos loiros e branquinhos, corriam sem parar de um lado para o outro.
Eu pegava na mão de um deles e ía correndo junto, até a sala, onde o Ricardo aparecia na janela para fazê-los rir. No quarto da minha tia, o Roberto usava o computador e brincava pela porta, quando passávamos.
Uma hora os meninos sumiram. Acalmeceu.
Quando meus tios chegaram, descobriram que os dois estavam em suas gaiolinhas dormindo. Assim como minha papagaia, aprenderam a sair para brincar, e a voltarem quietinhos para seus poleirinhos.
Uma flor que se oferece não é um cadáver
É tão somente uma parte, e não o todo
Uma parte que não vive sem o todo
Como alguém que não pode viver longe de quem ama
Porque esmorece.
É a representação de algo belo que damos

Como uma lembrança da felicidade sentida
Não morre, é fonte de vida
Que depois de cumprir seu papel, definha
Como todos nós na vida.

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Somos muitos pessoas-flores
Confinados desde o nascimento, quando somos por nós mesmos
Uma vida a embelezar
E a nos ofertar a quem amamos.


6 de jun. de 2006

A mente trabalhando sem parar. As fantasias, as ilusões. O combustível: a música. Sempre trazendo à tona sensações, sentimentos adormecidos. Hoje, a vontade de dizer a todos o quanto são importantes. Poder pegá-los pela mão, forçosamente, pará-los em frente a uma vitrine, apontar para um produto e dizer: Veja, olha que lindo! Somos nós, dentro da vitrine da vida. Estamos arrumados e enfeitados para que nos vejam, nos admirem, nos queiram. Queremos ser comprados, investidos. Queremos ser perfeitos. Veja! Isso não é tão importante, embora seja importante. Pense bem. Os envolvidos na fabricação desses produtos já sabem seu valor, porque o fizeram, o constituíram, o agregaram. Os outros, o que pensam, não importa tanto. Importa os que te constituem.

4 de jun. de 2006

Não duvides do amor meu, que se faz sofrer, é porque muito sofrimento também já sofreu.



















2 de jun. de 2006

A dificuldade de se trabalhar em família, de se trabalhar em qualquer lugar, é na verdade, a coordenação, a gerência, a chefia. Porque cada pessoa é tão única em sua subjetividade, que coordenar isso e vários disso em uma instituição é complicadíssimo. Daí tantas insatisfações, injustiças. É um dos problemas do mundo.
Cada um de nós, no lugar de coordenadores de outros, faria sofrer esses outros, como nos fazem sofrer. São poucos os que têm a sensibilidade e visão para administrar bem. Porque também somos todos individualistas, mesquinhos, egoístas. E porque somos humanos, falhos. E somos únicos. Essa é a chave. Esse é o problema. Agradar a todos é impossível, se não fosse, não haveria regras, porque cada um agiria segundo sua vontade. Seria o caos.
Por isso em cada grupo de pessoas, por menor que seja, há um líder. Precisamos ser liderados.

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Tudo que é vivo luta muito por viver. 50 min cuidando das minhas plantinhas nessa manhã e um maravilhamento. O ciclo que se repete, e a certeza da morte.

Não trabalhar tem um efeito poderoso na trajetória de uma vida. Primeiro de liberdade, de merecimento, de possibilidades. Depois de paralisi...