17 de jul. de 2007

Mimos pela manhã atrasada, que teve record de banho, café da manhã e beijo de despedida...

Você me diz que sou igual ventania
você me diz que eu sou igual ao trator
que puxa, tira, leva, arrasta e move
tudo que encontro eu quero logo amassar
o trator esmaga o sentimento
o amor não pode mais respirar
por favor, não quero o seu tormento
por favor, o que eu quero é amar
Eu fui então buscar no meu dicionário
que o trator vem do latim atraire
que a força que faz mover o meu mundo
é cativar, é seduzir, encantar
cativar sem fazer ninguém escravo
seduzir sem enganar ou mentir
e querer descobrir a maravilha:encantar quem já é dona de mim
Sou é sem jeito, esbarro no mundo
o meu mal feito é querer acertar
sou é poeta, sou garimpeiro
mas o meu ouro eu não pude achar
sou pescador que sonha seu peixe
eu sou um barco perdido no mar
o meu caminho, o meu desejo
é ser seu guia, seu porto, seu cais.

Trator (Flávio Venturini)

16 de jul. de 2007

Verde e cinza na janela. Ouço buzinas ao longe. Sobre a mesa, um note chamado Mumu destoa na paisagem bucólica. Talvez fosse um sábado chuvoso numa década qualquer. Eu, aguardando para o casamento de alguém; a roupa já passada sobre a cama. De tarde, depois do almoço. Louça já lavada, ou não. Estaria bem aqui, no centro de São Paulo. Estaria sem saber a imensidão de felicidade que circunda o perímetro do meu prédio. Estaria indiferente por não saber que, anos depois, uma menina chamada Fuda estaria no mesmo espaço-tempo compartilhado, escrevendo sobre a beleza da vida.
Não conto com o sofrimento. Já não me serve de guia. Na ausência, de tudo que poderia ser, de doces palavras e frases de efeito, retiro o substrato, faço representar tudo. "Te amo".

Urgência no corpo e paz no coração. Que permaneça.

13 de jul. de 2007

Primeiro era vertigem
Como em qualquer paixão
Era só fechar os olhos
E deixar o corpo ir
No ritmo...
Depois era um vício
Uma intoxicação
Me corroendo as veias
Me arrastando pelo chão
Mas sempre tinha a cama pronta
E rango no fogão
Luz acesa, me espera no portão
Pra você ver
Que eu tô voltando pra casa
Me vê
Que eu tô voltando pra casa
Outra vez
Às vezes é tormenta
Fosse uma navegação
Pode ser que o barco vire
Também pode ser que não
Já dei meia volta ao mundo
Levitando de tesão
Tanto gozo e sussurro
Já impressos no colchão
Pois sempre tem a cama pronta
E rango no fogão
Luz acesa, me espera no portão
Pra você ver
Que eu tô voltando pra casa
Me vê
Que eu tô voltando pra casa
Outra vez

(Lulu Santos - Casa)



Mas nem dá pra virar... não mais.


como num medidor do tempo, em que a areia passa de um lado a outro, sem se perder em nem um grão. ora paixão, ora tantas outras coisas. sempre juntas, sempre pendendo pra um lado. a loucura, é que a cada virada, aumentam grãos.

10 de jul. de 2007

Sentirei falta quando o vento soprar de não tão longe, ou quando as palavras saírem de prontidão, sem o cuidado de agora. Ou quando com frio, não se preocupar, nem sequer percebê-lo. Sentirei falta quando longe, o tempo não pesar, e quando perto, se arrastar.

Neste agora, é pouco o que eu não faça, por valor ao sentimento. Quando já for muito, já terá sido. Morrerei da falta.


2 de jul. de 2007

Da menina carente, “lá faz bastante frio”. Da menina que volta, “eles tratam todo mundo igual”. Da menina delicada, “eu não consigo pegar”. Da menina apaixonada, “quero uma dessas”. “Só depois que a gente tiver nossa casa”. Vou esperar.

Não trabalhar tem um efeito poderoso na trajetória de uma vida. Primeiro de liberdade, de merecimento, de possibilidades. Depois de paralisi...