Não tenho vidas paralelas, paralelo-me, e cada coisa a seu modo e a seu tempo tem a meu respeito uma visão. É certo que minhas plantas nutrem hoje por mim muito mais carinho do que sobrou em outro. E é certo também que eu guardo por elas exímia admiração. Estão sempre a sorrir e sempre, sempre à disposição para um toque sincero.
22 de mai. de 2011
Pela segunda vez morri, desta vez, não até o fim. Foi uma bomba atômica (construção tão infeliz para uma poesia qualquer), e seus tons amarelo-rubro-amarronzados. O som foi o primeiro que cessou. Como uma descida rápida ao fundo do mar. O aumento crescente da consciência do ato e a conclusão de que tudo acaba ali: naquela solidão quieta, sem plateia ou perdão, sem tempo para lembranças. Foi somente o fim. E a percepção de que existir ou deixar de, não faria a menor diferença.
Cada palavra escolhida, cada construção linguística, cada ordem, todo o estilo. São remanescências tantas que influenciam aquilo que somos, aquilo que expressamos, aquilo que damos a parecer. "Pra fazer um samba com beleza é preciso um bocado de tristeza", "É como amar uma mulher só linda: e daí?", "É preciso alguma coisa que chora". Vinícius era tão sábio além de machista. Porque escrever é uma arte, é um dom. E há quem passe pela vida sem sequer dar conta...
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