22 de mai. de 2011

Pela segunda vez morri, desta vez, não até o fim. Foi uma bomba atômica (construção tão infeliz para uma poesia qualquer), e seus tons amarelo-rubro-amarronzados. O som foi o primeiro que cessou. Como uma descida rápida ao fundo do mar. O aumento crescente da consciência do ato e a conclusão de que tudo acaba ali: naquela solidão quieta, sem plateia ou perdão, sem tempo para lembranças. Foi somente o fim. E a percepção de que existir ou deixar de, não faria a menor diferença.
Cada palavra escolhida, cada construção linguística, cada ordem, todo o estilo. São remanescências tantas que influenciam aquilo que somos, aquilo que expressamos, aquilo que damos a parecer. "Pra fazer um samba com beleza é preciso um bocado de tristeza", "É como amar uma mulher só linda: e daí?", "É preciso alguma coisa que chora". Vinícius era tão sábio além de machista. Porque escrever é uma arte, é um dom. E há quem passe pela vida sem sequer dar conta...
Parece que os antepassados se comunicam pelo vento. O canal são as janelas entreabertas, pequenas fendas, que sintonizam as vozes que dizem o que quiser ouvir aqueles que lavam louça e devaneiam sobre o sentido da vida.

9 de mai. de 2011

Perdi hoje unidades de sobremesa que sequer chegaram a ser servidas. Por isso, amanhã usarei a melhor roupa, com os melhores brincos. Colocarei os sapatos para datas especiais e o perfume mais caro. Porque a prateleira da vida pode despencar, e levar tudo abaixo novamente.

Não trabalhar tem um efeito poderoso na trajetória de uma vida. Primeiro de liberdade, de merecimento, de possibilidades. Depois de paralisi...