31 de jul. de 2011

queria fechar os olhos e nunca ter sido
os vizinhos assam carne sem parar. tento não ouvir o passar do ar que pouco carrega. tento não me deixar ir junto ao ar pouco carregado, carregado de pesar.
"Quando você me olhou daquele jeito que só você olhava, um passarinho voou baixinho, deixou pra trás tudo que acreditava."
"Hoje eu acordei livre, não devo nada a ninguém. Não há NADA que me prenda aqui."
Confinamento
3    ato ou efeito de isolar(-se) em dado lugar

24 de jul. de 2011

Acordei. Café. TV. Almoço. Unha. Roupa. Jardim. Louça. Casa. Costura. Café. Estudo. Janta. Desabafo.

- Acordado? O dia será servido!

Subserviência.
Homens e mulheres. A questão do gênero. Alguns, terão sempre alguém a perceber que é chegada a hora do jantar. Alguém pra sumir as sobras, as manchas, as migalhas. Terão sempre mãos ágeis a catar, a guardar, a ordenar. Alguns, jamais sofrerão a dor da solidão, o peso da obrigação velada. Sequer saberão. Algumas desejarão eternamente, de volta, suas mães.

Elas desejarão ainda a surpresa do café preparado, da mesa posta no voltar pra casa, nada pelo chão. Elas desejarão eternamente, de volta, não só a pessoa de, mas a atenção de suas mães. 

Serão elas, mães. Sem filhos, mães.
Hoje, em casa...


Alpistes felizes

Cuidado, Sakura!

Falta o João!

22 de jul. de 2011

Abri a janela para deixar entrar o ar. Entrou um imenso ser que voa, e que agora se debate entre a fresta e o veneno que o consome. Abri a janela para deixar entrar vida. E participo da morte lenta que também entrou pela janela. A janela não é metáfora. É física.

16 de jul. de 2011

me reflito em flores, fortes, grandes, flores fortes não porque grandes, mas porque intensas, com um quê de esmaecido, um quê de esquecido, um quê de deixado pra trás.
me reflito não em preto, meu conforto, mas em formas. flores enformadas pra se darem ao tempo, ao deleite, ao desatento.
me reflito como quem se pinta, vejo o que quero ver. uma tristeza tão bonita, não tão jovem ainda, mas tantos erros a cometer.
me reflito na pena, do esperar. De novo o mesmo esperar? Por que ainda espera? E por quem?
Reflito.
A lente não deixa ver bem de perto. Faz pensar o ato de ver, que não deveria ser. Deveríamos poder ver sem pensar no ver. Viver sem pensar no viver. Apenas seguir adiante. Mas a lente, de perto, não deixa ver bem. Ela lembra que há um intruso entre o que sou e a vida. Que há um intruso a modificar, a tipificar, a categorizar o olhar sobre o mundo como "não bom". Talvez seja até bom. Talvez possa vir a ser. A lente deixa ver bem de longe. Saem os anteparos e já nem penso. Pensar é trazer pra perto. E a lente não deixa ver bem de perto. O longe? Melhor não pensar.

14 de jul. de 2011

do lado de cá da janela que pisca, muitos cenários já trocaram. do lado de dentro onde o coração bate, o sentimento já trocou.

9 de jul. de 2011

Dia de guerras internas, de partículas suspensas, fios entrelaçados, graus não noventa. Hoje tudo vai contra. E como eu preciso de lexapro.

8 de jul. de 2011

Todos os dias passo por um porquinho. São dois. E já vejo a Heleninha montando no porquinho, contando-lhe histórias, mordiscando suas orelhas (as do porquinho). Pensei que se ganhasse na Mega-Sena, seria a primeira coisa que compraria: um lindo porquinho de couro verde-escuro!



Não trabalhar tem um efeito poderoso na trajetória de uma vida. Primeiro de liberdade, de merecimento, de possibilidades. Depois de paralisi...