22 de abr. de 2012

sento em frente ao computador e nada vem. nenhuma vontade, nenhuma paixão, nenhuma curiosidade. sento em frente e quero dar de costas. dar as costas ao peso todo que foi o dia passado. a família, os vícios, os gritos, os gritos. os gritos e os vícios ainda não me deixarão dormir em paz. tirarão minha paz em vida. tirarão quando da morte. 

15 de abr. de 2012

E então ele a surpreendeu. O tal pedido tantas vezes repetido nas cenas que ela já nem repassava de tão gastas. 


Ela acordou. Mas sequer dormiu.

8 de abr. de 2012

o mesmo tempo que dedica, dedicarei. a construir um mundo inteiro à parte do que aprendi a chamar realidade. e então, partirei.
a sorte da inteligência.
e o azar da ignorância.
verei meu prédio da moda ficar velho e antiquado. as portas descascarem de cansaço e sofrimento. ficarei pelos cantos esperando a chegada. dos filhos, da morte, enfim.
as toalhas
os pratos
os brinquedos
as flores
as almofadas.
neste tanto jaz.

7 de abr. de 2012

meu coração deu pra disparar, mas anda parado. não bate bem já tem tempo. não encontra no caminho inspiração qualquer que valha o dia. quiçá a vida. meu coração dispara sozinho e quer chorar. não deixo. guardo, guardo, guardo que ele nem se aguenta. põe-se a disparar, parado.
é culpa minha se permito ser deixada de lado, passada pra trás, renegada a segundo plano, a terceiro, a plano algum. é culpa minha se aceito e escolho deixar passar.
Comecei a cortar algumas linhas de contato, e a sensação, em vez de liberdade, é de total despertencimento, desamparo e solidão.

1 de abr. de 2012

alguém que vai dizer "gosto do que você escreve". que vai notar "gosto como cuida delas". que vai reconhecer "gosto como põe a mesa". que vai amar.
forcei os olhos fechados o tempo maior possível. que não vissem as embalagens vazias, as meias usadas, os comprovantes de crédito. que não vissem a geladeira vazia. o estômago vazio. a vida vazia. que não vissem o passar lento do tempo e tudo que existe aguardando atrás da porta. que não vissem. jamais.
o dia passou e nem me viu. que não desconfie o frio que passei
brincar de casinha, comer o que tem, acabar o que tinha

Não trabalhar tem um efeito poderoso na trajetória de uma vida. Primeiro de liberdade, de merecimento, de possibilidades. Depois de paralisi...