24 de dez. de 2013

as paredes têm manchas que me vêm anuviar. faço que não as vejo, passo reto, mas elas... ah, elas sabem que as sei, e só me fazem anuviar. não saem a passear nem distraem-se como esquecidas. elas me sabem, as danadinhas, que as sei. fazem fusquinha às minhas fuças, sincronizam-se em imagéticas figuras, desmoralizam o cinza pleno. essas manchas... inda as trato com hidroquinona.
eu gosto de ter canetas e lápis e papéis e fitas de cetim e tecido, e botões e rendas.
eu gosto de ter xícaras e canecas e panelinhas cada coisa em seu lugar.
eu gosto de ter livros muitos divididos, classificados e cada coisa em seu lugar.
eu gosto de fazer nada e pensar tudo em seus lugares, tecido pronto para envolver o vidro sobre o livro em seu lugar.
se pudesse, seria só leveza na vida. mas não posso, tenho muito pesar.

11 de dez. de 2013

Precisei sempre classificar e tomar partido. Impossível assumir o meio termo. Clássico ou moderno? Preto ou colorido? Planejamento ou prática? Nos questionários e testes sempre me inclinei para o pensamento. Marco essas alternativas em que prefiro planejar antes, me coloco nesse lugar. Mas anseio tanto, já parto pra prática! A verdade é que finalmente me classifiquei: sou da prática - mas a bem pensada.

Não trabalhar tem um efeito poderoso na trajetória de uma vida. Primeiro de liberdade, de merecimento, de possibilidades. Depois de paralisi...