MisterPlic!
Algo de vidro estilhaçou ao meu lado. Um grande estrondo. Quando dei por mim, estava com várias giletes de cristal inseridas no meu rosto. Puxava uma a uma, com as duas mãos, da orelha, da sobrancelha, da testa. Saíam sangrando, mas eu não sentia dor. E sempre havia uma mais a ser retirada...
Sonhei também com meu primo Vinícius, que havíamos feito uma vaquinha para dar de presente de aniversário a ele. Eu fiquei encarregada de colocar um bilhete de felicidades em uma das suas pastas, que ficava na sua mochila. Ele tinha vários escritos, muitos relacionados à religião, e também dois livros de biologia. Ele chegou enquanto eu mexia em suas coisas, com dois amigos. Tentamos distraí-lo enquanto eu terminava o recado, mas alguém que estava me ajudando acabou perdendo o bilhete...
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Porque quando eu ouço música, eu penso. E às terças e quintas, quando tenho oportunidade de ouvir rádio pela manhã, várias idéias brotam.
1) Gosto de músicas que criam expectativas, notas que vêm uma após a outra, decaindo, e depois, algo acontece, algo que era esperado, mas não sabido. Se tiver uma sobreposição de voz então, aí é perfeito! Isso dá vontade de sintonizar a música no rádio da vida, para que todos possam ouvir ao mesmo tempo; levantar os braços para cima e cantar o refrão, alto, lavando a alma, e sendo feliz.
2) São poucas as coisas que não podem ser desfeitas. Em geral, quase tudo o que é fruto da ação humana pode ser desfeito. Pode-se voltar atrás, ter segundas, terceiras e quartas chances. Assim, é possível desistir do casamento no altar, ou de um emprego na sala de RH enquanto se entrega os documentos. Mas na vida somos covardes. Não devíamos ser, porque no cinema, que imita a vida, as coisas sempre são melhores quando as pessoas têm coragem de seguir o que realmente querem. Exceto a morte e outros fatores maiores, é possível parar no meio do caminho, e mudar a trajetória. A dor que se causa quando se é sincero, é muito menor do que a dor de ser enganado por uma vida.
3) Depois do artigo que escrevi com o Érico, estou com uma vontade imensa de trabalhar, criar, me envolver, movimentar, acontecer, contagiar. Vontade de ler, produzir, superar, mobilizar as pessoas. Porque não importa se ganhamos só R$ 1200,00 por mês, passamos 4h por dia no trânsito, acordarmos às 4h20 da manhã e não temos ânimo para fazermos o que gostamos. Vamos criar outras coisas para gostar, cultivar plantas no trabalho e vê-las crescer todos os dias. Vamos dizer às pessoas que estão ao nosso redor o quanto estão bonitas hoje, como está bacana seu cabelo. Vamos dar presentes, fazer agrados, falar coisas agradáveis. Vamos criar uma rede harmônica e feliz, sem suspeitas, sem segundas intenções, sem falsidades. Vamos aprender a valorizar cada minuto, e não esperar os minutos do fim de semana, porque esses são uma parte muito pequena de nossas vidas.
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Ontem fui andar por aí com a minha irmã. Como sempre, passei na igreja da Consolação. Estavam com uma britadeira abrindo uma imensa cratera rumo ao Japão, no meio do pátio, entre os bancos. Agora sei como se sentem quando têm seus templos derrubados. É uma dor que lateja, que destroça as lembranças.
Não tenho vidas paralelas, paralelo-me, e cada coisa a seu modo e a seu tempo tem a meu respeito uma visão. É certo que minhas plantas nutrem hoje por mim muito mais carinho do que sobrou em outro. E é certo também que eu guardo por elas exímia admiração. Estão sempre a sorrir e sempre, sempre à disposição para um toque sincero.
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Um comentário:
acredita que eu nunca entrei naquela igreja? e é do lado de casa. não sabia que havia uma cratera no meio. será simbólico ou uma passagem pro Clube do Capeta?
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