30 de ago. de 2006

(Como estilhaçar um óculos cor-de-rosa em três horas numa sala de primeira série)

Foi assim meu primeiro contato na escola onde estudei dos 7 aos 15 anos:

Aquele menino ali, foi jogado no lixo duas vezes: primeiro, pela mãe, foi pego por uma família, e jogado no lixo de novo. Hoje é cuidado por outra família
Aquele outro, estava no colo da mãe quando ela foi baleada.
Aquele outro, no ano passado, o pai dele saiu da cadeia pra passar o dia dos pais em casa, foi baleado e morreu. Ele chorou e tudo. Depois, outro dia, veio todo feliz me dizer que o pai dele, não era o que morreu, era o tio, o padrinho. Eu disse: que bom, né? Pelo menos seu pai não morreu.
Aquele outro disse que tem dia que chega muita droga na favela, que é o maior alvoroço, todo mundo fazendo papelote.

Já na sala:

Professora, o Joãozinho mandou eu tomar no rabo!
Bem-feito! Ontem vocês não estavam todos amiguinhos, in-love? Olha só o que você ganhou com isso!

Professora, o Josézinho cuspiu em mim.
Professora, o Josézinho colocou o pé pra mim cair.
Professora, o Josézinho me chutou.
Professora, o Josézinho me bateu.
Professora, o Josézinho pegou o estojo da Mariazinha.


Depois eu conto o resto.

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