26 de set. de 2006

De modo algum eu quero dizer que ganhar mais dinheiro compensaria o sofrimento, mas quando eu penso que, ALÉM DE TUDO, eu ganho mil e seiscentos reais brutos (que no final, viram mil e duzentos), isso me deixa muito, muito infeliz, porque o reconhecimento dos amigos não compensa tantas outras faltas. Isso não realiza meus sonhos. Eu ainda acredito, ou pelo menos acreditava até uns três dias atrás, que tudo vale a pena, que é possível reverter o inevitável. Só que a cada dia, tudo parece mais distante, meus problemas, meus anseios, meus ideais, não importam pra quem deveria.

Assim como os dignos, eu quero ter uma família, quero vestir uma roupa de melhor qualidade, quero poder ter um azeite extra-virgem na minha salada. Porque pode até ser bonitinho usar uma sandália da Sandy que custa R$ 23,00, mas eu queria ter condições de usar uma Melissa, de R$ 100,00. Pode até ser uma questão de princípios ter um celular básico, que só faz e recebe chamadas, mas eu queria ter condições de comprar um que tira foto. Porque eu acho bacana encontrar promoções de saias no centro de Guarulhos por R$ 5,60, mas eu queria poder comprar outras mais bacanas.
Claro que tudo isso parece muito capitalista, mesquinho. Claro que eu não trabalho nem vivo por dinheiro. Claro um monte de coisas que todo mundo que me conhece sabe, mas há uma questão maior. Há minha auto-estima. Há minha dignidade. Há meus finais de semana sendo consumidos por freelas que eu faço pra tentar juntar um dinheiro a mais. Há meu descanso merecido por acordar tão cedo, e morar tão longe. Há muito. E ninguém se importa, pelo menos, não quem poderia mudar isso.

P.S.: Sim, eu posso virar o jogo, procurar outra coisa. Mas não é isso que está em jogo. Está em jogo a falta de reconhecimento, e isso dói.

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