Não tenho vidas paralelas, paralelo-me, e cada coisa a seu modo e a seu tempo tem a meu respeito uma visão. É certo que minhas plantas nutrem hoje por mim muito mais carinho do que sobrou em outro. E é certo também que eu guardo por elas exímia admiração. Estão sempre a sorrir e sempre, sempre à disposição para um toque sincero.
19 de mai. de 2009
Ia começar a falar sobre como o trabalho molda as pessoas, mas me veio outra divagação. Estava pensando que, mesmo eu estando há seis meses trabalhando com a mesma coisa, e, todos os dias, abrindo as mesmas pastas de trabalho, clicando nos mesmos ícones e lidando com os mesmos arquivos, sou incapaz de lembrar o que está escrito no ícone de atalho que mais tenho clicado em todo esse tempo. Não é um absurdo que passemos pela vida sem nos darmos conta dessas coisas? Não é absurdo como automatizamos tanto nossas rotinas a ponto de não prestar atenção aos detalhes? Acho mesmo que não, em absoluto. Ao contrário, é perfeitamente normal e aceitável. Porque eu sei, por exemplo, que basta entrar com meu login e senha que ele estará lá, no extremo superior direito da tela, representado por uma árvore verde. Sei, ainda, que é composto por poucas letras, uma sigla, provavelmente. E sei o que encontrar dentro e isso é tudo que preciso saber. Oras, por que é mais importante a palavra que a forma? Por que nos envergonhamos de não nos lembrarmos do nome de alguém se conseguimos situá-la no espaço-tempo de nossa vida? Por que o signo verbal se sobressai na nossa cultura? Por que, afinal, saber informações é mais importante que saber sentimentos, sensações, percepções de maneira geral? Só, e tão somente (creio), porque é mais fácil (objetivo) se expressar com palavras. Diria até representar com palavras, na contramão das artes. Só serve mesmo na esfera objetiva.
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