Não tenho vidas paralelas, paralelo-me, e cada coisa a seu modo e a seu tempo tem a meu respeito uma visão. É certo que minhas plantas nutrem hoje por mim muito mais carinho do que sobrou em outro. E é certo também que eu guardo por elas exímia admiração. Estão sempre a sorrir e sempre, sempre à disposição para um toque sincero.
22 de nov. de 2014
31 de ago. de 2014
[recuperada de 10/11/2013, rascunhos]
lavei louça hoje tantas vezes que perdi a conta. lavei em cada comer e foram muitos, cada três ou quatro horas e o dia tem muita hora quando acordada desde cedo. hoje domingo lavei louça tanta que pensei na natureza e criaturas todas afetadas. foi água tanta que impossível não pensar na natureza e criaturas todas. [lavei hoje domingo louça tanta que me ressenti da natureza e criaturas todas afetadas. poupei e não lavei sua louça de quinta-feira, hoje domingo. pensei na natureza e nas criaturas todas, eu primeira, afetada.]
[recuperada de 25/11/2013, férias em Araraquara]
Minhas duas bolsas, de todo dia e de viagens curtas, têm flores em tons de vinho, rosa e verde. Minhas últimas peças compradas são todas pequenas flores. Agora na minha varanda deve ter finalmente nascido uma flor. Eu costumava presentear no dia a dia com florzinhas colhidas no caminho. Para me fazer feliz leve-me junto aos vasos coloridos, que eu sempre vou preferir os das pequenas de tom roxo-azulado. Eu só queria isso tudo travestido numa poesia boba qualquer.
31 de mai. de 2014
15 de abr. de 2014
ah, se pudesse cheirar seus cabelos e ver de perto o brinco de vidro que muda-a-cor imita à sua volta.
por entre as suas tocar as mãos de tão frágeis unhinhas sem pintar, com calos de escrever nos dedos três e cinco.
se pudesse bem pertinho perscrutar nas poucas irregulares sardas um padrão complexo de constelações.
e a ouvisse dizer sussurante aos cantos coisas como "titubeante", "pestanejar" e "distinto".
ah, se pudesse... diria mais uma vez: te escolho.
por entre as suas tocar as mãos de tão frágeis unhinhas sem pintar, com calos de escrever nos dedos três e cinco.
se pudesse bem pertinho perscrutar nas poucas irregulares sardas um padrão complexo de constelações.
e a ouvisse dizer sussurante aos cantos coisas como "titubeante", "pestanejar" e "distinto".
ah, se pudesse... diria mais uma vez: te escolho.
não adentro as blusas na calça. não uso justas. cada vez menos as sem manga. prediletas são agora amarela e de coelho na estampa. não uso cor nem estampa.
não uso calça não jeans ou preta. prefiro as que findam bem largas, as que não tenho. cada vez mais altas na cintura. prediletas são agora as por fazer a barra guardadas no armário. a vida tá barra.
não uso calça não jeans ou preta. prefiro as que findam bem largas, as que não tenho. cada vez mais altas na cintura. prediletas são agora as por fazer a barra guardadas no armário. a vida tá barra.
e é assim que de repente quero mais nada disso, dessa vida sem foco e meu ficus que a cada dia menos fica. eu vejo tudo torto do início já e sem sentido se for pra ser assim.
mas aí... você mostra a pelinha do dedo e faz aquela cara, diz que "tádueno" e tudo rosa outra vez, pra eu tentar de novo falar dos filhos que não teremos.
um e outro vez e outra toda vez. sete anos. parabéns.
mas aí... você mostra a pelinha do dedo e faz aquela cara, diz que "tádueno" e tudo rosa outra vez, pra eu tentar de novo falar dos filhos que não teremos.
um e outro vez e outra toda vez. sete anos. parabéns.
14 de abr. de 2014
(recuperado dos rascunhos de 2011, incompleto...)
O filtro São João de que eu tanto gostava o sabor, embolorava e tinha pouca capacidade. Os talheres verdes divertidos oxidaram. A pia antiga já estava gasta e áspera. E mesmo assim tudo era tão perfeito que se bastava. Bastava um amor tão grande que ocupava todo e qualquer espaço de incerteza e imperfeição. Esse vestido já não uso mais. O relógio sem bateria.
O filtro São João de que eu tanto gostava o sabor, embolorava e tinha pouca capacidade. Os talheres verdes divertidos oxidaram. A pia antiga já estava gasta e áspera. E mesmo assim tudo era tão perfeito que se bastava. Bastava um amor tão grande que ocupava todo e qualquer espaço de incerteza e imperfeição. Esse vestido já não uso mais. O relógio sem bateria.
31 de mar. de 2014
28 de fev. de 2014
22 de jan. de 2014
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