Hoje acordei às 5h20 e não às 5h30. Tomei café da manhã: fiz um chocolate quente, comi um fatia de pão com requeijão, mas tudo calmamente. Ainda assim não levei muito tempo. Me senti bonita: cabelo mal preso, blusa preta, Conga e jeans. Mais as pulseirinhas e a bolsa predileta. Como sempre quis ter um cabelo curto mal preso, usar um Conga e ter muitas coisinhas penduradas no punho!
Pra variar, também fui lendo. O Érico uma vez me disse que não somos nós quem escolhemos os livros, mas eles que nos escolhem. Por isso estar lendo o excelentíssimo “Crime e Castigo”. Parece que fui também eu a cometer um crime, ter visões e alucinações.
Ainda sobre o livro: um milhão de sinapses por segundo para desvendar o comportamento humano, as interpretações subjetivas, as pessoas e suas mentiras. O ser humano é mesmo incrível em sua mesmice, em sua ignorância. Humano: um universo num único ser, único, mesmo entre milhões.
No caminho, o Sol iluminava a tudo, conferindo-lhe um tom amarelo e vermelho, como nas embalagens de biscoito de chocolate, também com pigmentos amarelos e vermelhos que fazem com que tenhamos vontade de mordê-los tão prontamente o olhamos. Assim também fez o Sol: iluminou tudo e todos de forma que tivéssemos vontade de viver só de olhar ao redor. É de se entender os índices de suicídio cometidos por pessoas que vivem em lugares sempre cinzas, assim como também são marrom-acinzentados os biscoitos de chocolate na vida real. Mais do mesmo, rotina.
Quando cheguei ao centro velho, uma descoberta: a face principal do prédio onde fica o cine marabá (que está com sua fachada restaurada) é voltada para o leste. Perfeito! A luz da manhã de manhã, e a penumbra no entardecer. Mais uma vez: P E R F E I T O !
Hoje estava mesmo voltada a observações.
Como não notar aquele homem homossexual que vejo todos os dias no ponto, olhando com seu olhar violador um exemplar perfeito do sexo masculino. Fiquei imaginando o que ele “poderia estar imaginando”.
Mais em frente, em frente ao cemitério da Dr. Arnaldo, uma menina de blusa laranja, saia jeans, chinelo laranja. Cabelos médios, presos, e sua bolsa vermelha. Como era linda em sua simplicidade, em seu não cuidar-se. Pensei em como é fácil amar uma mulher, pois são apaixonantes em sua maneira única de combinar e se movimentar.
Porque amo as mulheres as mais diferentes
Sem lhes taxar a mesma alvura de pele, nem o mesmo escurecer de cabelos
Porque são elas, e sabem buscar em si mesmas, a beleza de ser quem são.
E quando desci do ônibus, tive vontade de chorar, pois vi um cachorro branco, também incrível em sua condição canina.
Mais um dia começou, e mal começou, e já valeu o dia.
[mais uma coisa incrível: no Google não tem nenhuma imagem do Cine Marabá pra eu colocar aqui. Terei de ser eu mesma a fotografar-lhe a fachada, lindamente iluminada num dia comum]
Um comentário:
nossa... até eu fiquei feliz com tanta irradiação que vem de você, minha linda!
a mudança que você identificou nos últimos seis meses nada mais é do que a mudança diária que você se permite viver, como hoje, ao acordar mais tarde, bagunçar o cabelo e observar a simplicidade do mundo...
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