10 de nov. de 2013

Invisto tanto tempo em simplesmente olhar. Admiro cada objeto em seu devido lugar. Ajusto milímetros, ângulos, afasto. Agora está bem. As tantas incidentes luzes que passeiam pelo dia, criam espectros, criam aspectos, de tudo o melhor. São tantos cinzas sobrepostos, tantos cinzas esquecidos nas esquinas que envelhecem sem ninguém notar. Eu noto tudo, e anoto. Não deixo passar um tempo que em pouco se desfaz e não tem volta. E se ninguém olhar? E se ninguém jamais tivesse visto? E se... os objetos estão por eles mesmos. Aos utilitários a glória, aos demais... só o existir esmaecido. Invisto tanto, mas tanto tempo em simplesmente olhar e tocar. Tocá-los todos e passar que me importo, que são comigo, que são minha parte exterior a coabitar esse interno lugar. Eu passo confissões, que eles já sabem de vivê-las todas. Eles espiam e emudecem, como não poderia deixar de ser. Mas parecem dizer: "Nós sabemos! Nós tudo vemos.". Invisto tempo em sonhar pratos frente a frente, ante o entorno de coisinhas de fotografar. Acordo cedo e encaro o presente com a perspicácia das mais experientes avós. Mas sem ovo! Acabou o leite! Ah... invisto tanto tempo em simplesmente pensar possibilidades de um bom café da manhã. Os pratinhos o sabem. Eles, parte de mim.


Não trabalhar tem um efeito poderoso na trajetória de uma vida. Primeiro de liberdade, de merecimento, de possibilidades. Depois de paralisi...