28 de nov. de 2012

da cozinha para a sala, afasta a cortina. fora é sol, ele não chega... se volta ao escuro dos móveis. cerra os olhos... e então ele vem. 

http://www.youtube.com/watch?v=BHBvksGdhxA
queria hoje desabrochar em pétalas de passado. devolvida uma a uma eu inteira, às mãos que me passaram.
parou de repente, desperta. ao redor, a única flor de perfume. sua atenção, enfim.

6 de nov. de 2012

abriu cuidadoso a fresta da janela, só um pouco clarear. sentou na cama delicado. tocou seu sono. a oferenda (florzinha do lado). planejou o dia todo seus cuidados. presente teve. era aniversário. era dia qualquer um. nunca foi.
Deixou os livros todos na estante. Seus perfumes. As roupas. Deixou o longo dos cabelos. As plantas, os móveis. Saiu imóvel sem tudo que a definia. Estava definitiva.











Usava All Star.
Todos a queriam por perto. Estava sempre longe de si.

28 de set. de 2012

19 de set. de 2012

30 de ago. de 2012

ao menos uma vez ver tudo, sem precisar nada. passar pelas coisas que acontecem longe nas fotos dos blogs. padrões de cor pastel, flores e estampas. flores nas estampas pasteis que tudo cobrem. ficção sem portão. grama e árvore. ficção nos submetermos sem escolha. que já tivemos e nos desistiram de alcançar.

21 de ago. de 2012


Ode
2    poema lírico composto de estrofes de versos com medida igual, sempre de tom alegre e entusiástico 

Ode "O"
Paradoxo

20 de ago. de 2012

é que nasci difícil.
à parte do que vivemos é a vida real. não importam nossos problemas. nossas perdas são qualquer perda. a rotina é passar de tempo. à parte dessa vida estão os livros, os sons e a matriz que nunca cessa. sofrer a subvida é pequeno e inevitável. não faz diferença se pensamos ou sentimos ou fazemos. não muda se compramos, mudamos, vestimos. a vida real está lá fora.

18 de ago. de 2012

gosto da claridade e lá é tudo escuridão. gosto das discussões à toa e lá é tudo socio-politizado. gosto da espontaneidade controlada é lá são tudo sequências inabaláveis, nascidas das espontaneidades fixas dos dias, anos e vida já passada. gosto mesmo é da minha casa.
isso pode dizer muito, ou pode dizer nada sobre você. cada mínima escolha ou a não escolha. a atitude na vida quando escolhe não viver. toda a negação. isso só pode dizer tudo, jamais dizer nada sobre você.

15 de ago. de 2012

o muro das lamentações anda quieto, sem lamento. cenouras cenográficas encenam na gaveta receitas quentes de abraçar o coração. 
já bastaram tantas coisas pra que eu desistisse de tentar, mas todo dia eu acordava e tentava mais um pouco. as coisas passaram e passou também o tempo. e todo dia eu acordo e tento um pouco mais.
se fácil, não sem valor, apenas o não dar conta
a importância das coisas é o que investimos nelas

8 de jun. de 2012

"Um dos maiores prazeres da vida é alguém pentear nossos cabelos."

"Acho que todas merecem uma aliança."

Cartas para Julieta

6 de mai. de 2012

quando na varanda, é pra dentro que olho. os sentidos, as respostas todas, estão dentro pra mim, não fora.

22 de abr. de 2012

sento em frente ao computador e nada vem. nenhuma vontade, nenhuma paixão, nenhuma curiosidade. sento em frente e quero dar de costas. dar as costas ao peso todo que foi o dia passado. a família, os vícios, os gritos, os gritos. os gritos e os vícios ainda não me deixarão dormir em paz. tirarão minha paz em vida. tirarão quando da morte. 

15 de abr. de 2012

E então ele a surpreendeu. O tal pedido tantas vezes repetido nas cenas que ela já nem repassava de tão gastas. 


Ela acordou. Mas sequer dormiu.

8 de abr. de 2012

o mesmo tempo que dedica, dedicarei. a construir um mundo inteiro à parte do que aprendi a chamar realidade. e então, partirei.
a sorte da inteligência.
e o azar da ignorância.
verei meu prédio da moda ficar velho e antiquado. as portas descascarem de cansaço e sofrimento. ficarei pelos cantos esperando a chegada. dos filhos, da morte, enfim.
as toalhas
os pratos
os brinquedos
as flores
as almofadas.
neste tanto jaz.

7 de abr. de 2012

meu coração deu pra disparar, mas anda parado. não bate bem já tem tempo. não encontra no caminho inspiração qualquer que valha o dia. quiçá a vida. meu coração dispara sozinho e quer chorar. não deixo. guardo, guardo, guardo que ele nem se aguenta. põe-se a disparar, parado.
é culpa minha se permito ser deixada de lado, passada pra trás, renegada a segundo plano, a terceiro, a plano algum. é culpa minha se aceito e escolho deixar passar.
Comecei a cortar algumas linhas de contato, e a sensação, em vez de liberdade, é de total despertencimento, desamparo e solidão.

1 de abr. de 2012

alguém que vai dizer "gosto do que você escreve". que vai notar "gosto como cuida delas". que vai reconhecer "gosto como põe a mesa". que vai amar.
forcei os olhos fechados o tempo maior possível. que não vissem as embalagens vazias, as meias usadas, os comprovantes de crédito. que não vissem a geladeira vazia. o estômago vazio. a vida vazia. que não vissem o passar lento do tempo e tudo que existe aguardando atrás da porta. que não vissem. jamais.
o dia passou e nem me viu. que não desconfie o frio que passei
brincar de casinha, comer o que tem, acabar o que tinha

3 de mar. de 2012

As vozes que chegam são de defesa e ataque. Invisíveis, chegam aonde não deveriam jamais chegar. Se alojam por entre os espaços vazios reservados para o oposto. Lá permanecem. Ocupam lugares que sentimentos bons já não poderão habitar.
Não tenho espaço que me resguarde. Um canto, qualquer que seja. Dentre tantos, todos me sufocam e não acolhem.



26 de fev. de 2012

Estava nos rascunhos... de 11/01/2008

Lógica brilhante das crianças!

"Mamãe, agora eu posso brincar com 'issos'"
Estava nos rascunhos... de 2008

Noite inconstante, ou melhor, constante: o não dormir bem. Cuidado para não acordá-lo, pensamentos poucos mas vagos. Acordei com dor no osso, frio, hipersensibilidade a o que quer que seja. Saí apressada e, ao contrário de todos os dias, dei uma olhadela atenciosa ao portal de lata de um dos muitos prédios debaixo do minhocão. Dizia: "Ela odeia o centro. Eu amo!!!". Identificação imediata, latente! Três pontos de exclamação. Eu sei o que isso quer dizer. Vim no ônibus pensando nisso. Claro que as pessoas que moram no centro, em sua grande maioria, dão em grande parte o tom degradado, mas nem entremos em questões sociais. Tudo o mais, se não por intervenção dos mesmos, é tão mágico, tão história-viva... "Põe o quanto és em cada coisa", ou coisa assim... é isso! Cada fachada, cada porta, cada escadaria, detalhe, tudo é o quanto pode ser. Se valesse só a praticidade e a

21 de fev. de 2012

grampos, marca de uma época. inda em uso, não à mostra. não se importava, exceto em mostrá-los vivos, ali. cabelos, tons tão indesejados. desejava-os! o não cuidado pensado, medido, e mais uma vez pensado. os imprevistos, quando previstos, merecem ser mostrados em todos os seus caprichos.
envelhecera, enfim.



tenho dessas de ter vontade das coisas. como de ser linda a priori.
moro no 23 andar de um prédio de 25. minha vista à frente tem uma placa-mãe de slots de fábricas. se eu não escrever, talvez os filhos da Heleninha e Hiroshi não saibam que aqui no Ipiranga tem um cheiro de coisas sendo feitas nas fábricas e que não são de comer. talvez não saibam que as folhas de vidro da varanda, quando abertas, deixam entrar ar e ruído, que nunca cessa, mesmo às altas horas da madrugada. de uns tempos pra cá vemos um shopping com suas luzes sempre acesas. de lá nos vemos a nós aqui, mas sem contornos ou lembranças. é apenas mais um número. daqui, o olhar que sai é único e a moldura também. tem o posto, o mercado agora vazio, o viaduto. tudo muito feio e sem brilho. tem uma torre na fábrica de linhas que ainda funciona nos dias de hoje. e os fios são espécie de células de tecidos vivos. a torre. chaminé? o viaduto é tortuoso, desemboca aqui em casa, como um elo. entre as zonas, entre os bairros, entre o lá e cá. de lá pra cá, o cá tem outras cores, outras formas, outros vazios. de cá pra lá também. não sei se o olhar de fora é o verdadeiro, ou o real é o olhar de quem vive. desde pequena tenho os dois. com concentração mudo a chave, o canal, e sinto a imagem com o olhar de fora, sem vícios, sem parentismos, sem o viver junto. difícil. não sei qual o canal real. como podem duas realidades serem a mesma tão diferentes? corre álcool aqui. slooooowwwwwmotion, como eu digo sempre. as lágrimas vêm e parecem ser por nada. mas tem tanta coisa guardada, não dita, inaudita. tem tanta história pra contar e ninguém pra ouvir. tem tanto medo aqui do alto do 23 andar ao olhar pra baixo e pensar que tudo pode acabar assim. nonada.



voltei do Sherlock com a necessidade de beber álcool, qualquer que fosse. o prosecco final, em copo simples, não tem o mesmo sabor dos vinhos em cálice de cristal, ou canecas de estanho. nem é bom como os vinhos. que seja. minhas plantas e vizinhos dormem todos. nem luz azulada nas paredes vendo tv. eu olho os carros que passam e bebo uma felicidade qualquer. as histórias têm sido poucas pras tantas imagens que se movimentam sem parar. se parassem, saltariam os cenários, as épocas e dores.

14 de fev. de 2012

Inspirar é colocar pra dentro ideias, sonhos, vida. É querer mudar o mundo num minuto. É poder mudar o mundo aqui e agora. Dispor objetos, pensar cores, formas, amores. InspirAÇÃO.

http://studiodalu.com.br/

29 de jan. de 2012

Gosto quando ela vai descalça para a varanda e acaricia as folhas. Quando fala sozinha coisas que só ela entende. Quando encara a toalha e sente a tristeza que existe em cada ponto de tricô e meia. Mais uma laçada. Ela escreve a história só com momentos difíceis. Mas finge que são sempre bons.
Fechei agora os CDs da dissertação corrigida. Amanhã o ciclo de fato se fecha. Bato a porta atrás de mim mas sinto que olharei pra trás. Mais que isso, revisitarei os lugares, as sensações, boas e más, de estar onde consiga ver o infinito de possibilidades. Tudo é um horizonte sem-fim, e cada frase, página preenchida, me coloca um passo à frente, e mais um. Dei alguns. E desse lugar que conquistei só posso querer ir adiante. É singular. Esse tal conhecimento...

22 de jan. de 2012

o cheiro é das roupas úmidas secas no corpo. as músicas colocam tudo em sintonia com o que de mais triste se mode sentir. como dói não poder simplesmente sair.


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não sou para esse mundo. 
repito. existe algo de errado no que eu sou, no que penso ser, no que dou a parecer. uma matriz complexa. o tear que, como aquele, vez ou outra lança um ponto fora. 
Vontade de jogar fora todas as embalagens já abertas da geladeira e dispensa. Jogar as roupas descosturadas, manchadas, apertadas, batidas. Jogar as muitas folhas de rascunho. Os objetos ganhos e sem sentido. Os vasos sem flor. Vontade de jogar todos os mais-ou-menos e seguir adiante com pouco, muito pouco, mas que são inteiros.

6 de jan. de 2012


Você foi toda a felicidade, você foi a maldade que só me fez bem. Você foi O melhor dos meus planos e o maior dos enganos que eu pude fazer.
são baixas. cabelos cacheados, mais ou menos compridos. muito brancas, cintura abaixo da média. nas mãos, um livro denso com marcador inusitado. jeans de sutil lavagem. algodão. bolsa e poucos acessórios pensados para não impressionar. sentem frio! (blusas nas costas). unhas curtas, não cuidadas, mas não descuidadas. são simples, fora da curva, fora do que se espera, não querem ser esperadas, esperam ser encontradas. encontrei duas já. pintava de ponto preto a pálpebra superior, qual boneca. desfilava no metro sua leve insignificância.

Não trabalhar tem um efeito poderoso na trajetória de uma vida. Primeiro de liberdade, de merecimento, de possibilidades. Depois de paralisi...