20 de dez. de 2009

Se eu pudesse sair sempre que quero dar de costas. Se usasse todos os dias meu melhor perfume. E toda semana a roupa preferida que guardo pros dias especiais (que nunca chegam). Se eu comprasse todos os livros de que gosto, e nunca lesse. Se eu ficasse zerada no banco mas tivesse meus móveis antigos. Se eu batesse prédio por prédio às portas do zelador e pedisse pra olhar. Que conseguisse olhar um, que seja! Se eu não me preocupasse com o que os outros vão pensar, com o que vão dizer. Se eu sentasse a bunda na cadeira e não saísse até conseguir costurar a merda das minhas fronhas de retalho. Se eu dedicasse minha vida à minha própria vida. Seria eu feliz?
Era dia de festa. Logo cedo o murmurinho pela casa. O pai ia acordar antes do trabalho, dizer palavras bonitas, dessas que não se esquece. A mãe, com pouco recurso e muio carinho, dava café na cama, enfeitava tudo com a simplicidade do coração. Embrulhinhos, surpresas. Tinha a hora certa de comemorar, só de tarde, 16 e pouco. E tinha as ligações de que não gostava, e recomeçava a espera.
É dia de festa, mas não tem pai, nem mãe. Nem festa. É dia comum. Sem café, nem embrulhinhos. Nem surpresas pra não gostar e depois guardar pra sempre. Nem cartinhas pro diário antigo. Nem nada. Mais tarde as ligações. Menos. Coisa ou outra de um e outro - ela gosta. Ia gostar mais se fosse dia especial pra todos, ou pra alguns (pra um). Ia gostar mais se tivesse palavras bonitas, dessas que não se esquece. E café na cama, com enfeites de simplicidade do coração. E embrulhinhos, surpresas.
Passou. Agora, mais um ano.
era uma vez tudo lindo, até que se notou uma pequena mancha na superfície rosa. a mancha ora aparecia, ora sumia, e por via das dúvidas se passava mais uma mão de rosa, assim, como que pra disfarçar que ela nunca estivera ali. mas não era uma mancha na superfície. estava lá desde a criação. era parte da peça, inapagável. - "Rosa: você é em vão!"

10 de dez. de 2009

Sentada na cama, notebook no colo, janela aberta. Som dos carros, vento frio. A difícil tarefa da autoria. E a concentração dividida - como sempre - entre cá e lá. Se espichar um pouco o pescoço vejo os prédios mais altos e as luzes de natal. A semana arrastada não tem fim. E o fim dela, certamente culmina em mais divisão.

5 de dez. de 2009

extremamente difícil fazer flores de crochê para a decoração de natal deste ano... :(

17 de nov. de 2009

Só sair andando. E quando do cansaço, encostar num canto qualquer e adormecer. E começar de novo. E sempre o mesmo. Mas nunca, nunca mais querer e não poder falar.

12 de nov. de 2009

"Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida."

8 de nov. de 2009

13 de set. de 2009

Já é possível sonhar com o novo e pensar suas cores. Delinear ainda que em contornos dispersos as novas formas, os novos micro-mundos em cada ambiente.
É possível vislumbrar esse cheiro que conecta passado e presente também lá, espaço aberto.
E uma promessa de vida melhor.

31 de mai. de 2009

Lembrei o fogãozinho plástico azul, com botijão por fio pendurado. Estava guardado, nem sei por onde. Era vazio por dentro. Simplório, sem acabamento. No espaço armado, delimitado, utensílios devidamente organizados. E a menina, que ainda chora diante do escuro.
Não porque sem afeto, mas pelo puro cansaço da tentativa. Como dia a dia esperar na estação pelo desembarque, que nunca acontece. Uma devoção. Um modo de vida. À saudade e à privação. Por si mesma, não pelo outro. Um belo dia, tira recém-desabrochada a flor cultivada em lágrimas. Sai por aquela porta e não volta mais.
A máxima libertadora: aprenda a se amar.

19 de mai. de 2009

Saí da USP quinta-feira, 14/05, por volta das 19h. Peguei um Casa Verde [8 alguma coisa]P.

Tinha acabado de ouvir uma das notícias que mudariam minha vida : "Você passou.". Não foi bem isso que ouvi, mas vai ficar assim, guardado.

Sentei no banco único do lado direito, e chorei. Liguei pro Meu Amor. Escrevi pra minha mãe, pro meu tio, pra minha tia, pra minha irmã. E ouvi, claro como pode ser, minha vó dizendo "Minha fia é tão inteligente, puxou sua tia!". Queria tanto que ela estivesse lá. Queria tanto ver de novo seu sorriso orgulhoso, sentir seu abraço. Queria tanto que ela soubesse...
Ia começar a falar sobre como o trabalho molda as pessoas, mas me veio outra divagação. Estava pensando que, mesmo eu estando há seis meses trabalhando com a mesma coisa, e, todos os dias, abrindo as mesmas pastas de trabalho, clicando nos mesmos ícones e lidando com os mesmos arquivos, sou incapaz de lembrar o que está escrito no ícone de atalho que mais tenho clicado em todo esse tempo. Não é um absurdo que passemos pela vida sem nos darmos conta dessas coisas? Não é absurdo como automatizamos tanto nossas rotinas a ponto de não prestar atenção aos detalhes? Acho mesmo que não, em absoluto. Ao contrário, é perfeitamente normal e aceitável. Porque eu sei, por exemplo, que basta entrar com meu login e senha que ele estará lá, no extremo superior direito da tela, representado por uma árvore verde. Sei, ainda, que é composto por poucas letras, uma sigla, provavelmente. E sei o que encontrar dentro e isso é tudo que preciso saber. Oras, por que é mais importante a palavra que a forma? Por que nos envergonhamos de não nos lembrarmos do nome de alguém se conseguimos situá-la no espaço-tempo de nossa vida? Por que o signo verbal se sobressai na nossa cultura? Por que, afinal, saber informações é mais importante que saber sentimentos, sensações, percepções de maneira geral? Só, e tão somente (creio), porque é mais fácil (objetivo) se expressar com palavras. Diria até representar com palavras, na contramão das artes. Só serve mesmo na esfera objetiva.

17 de fev. de 2009

Novidade importantíssima é minha nova Singer! Pra quê querer mais?




É tão bonito isso. Mas só é bonito por causa do jeito de olhar.

Tatazinha, mostra pra sua sogra!

Comidinhas do dia-a-dia.





Macarrão de panela de pressão
(1 Kg de macarrão, 1 l de água, 1 lata de molho de tomate, 1 caixa de creme de leite, 1 caldo de carne, 1 cebola picada, manjericão. Quando pegar pressão, deixar três minutos e apagar o fogo). Fica uma delícia, e beeeem cremoso! nham nham

















Imitação ruim de carne
(melhor não comentar)
















Deliciosa sopinha da Fuda
(tudo junto com muito tempero, de preferência, colhido da horta)



8 de fev. de 2009

A língua realmene é viva. Por exemplo: a expressão "me ame! me ame! me ame!" evoluiu para "nham nham", e permanece assim até hoje (ou por enquanto).

7 de fev. de 2009

Dias de domingo, pra Ele acordar...

Fins de tarde, quando à espera...

Esse é para meu amor, para quem a vida é feita de detalhes.

Noite dessas, lá em casa...

Fuda pensou: "Por que não dar ao meu marido aquilo que ele mais gosta de comer?"

E isso assim, num dia comum e despretencioso!



Tem gentes novas na Chicrinha!!!

Hoje a tarde estava assim:

o mundo é o que você pensa dele.
portanto, pense nele de um jeito diferente e sua vida mudará.

tudo o que você pensa, pense ao contrário. paul arden
06/04

Quem ama, bonito lhe parece.
06/04

Não tenho vidas paralelas, paralelo-me, e cada coisa a seu modo e a seu tempo tem a meu respeito uma visão. É certo que minhas plantas nutrem hoje por mim muito mais carinho do que sobrou em outro. E é certo também que eu guardo por elas exímia admiração. Estão sempre a sorrir e sempre, sempre à disposição para um toque sincero.
06/04

Lendo meus primeiros posts sinto quanta coisa mudou. Tive a fase do pré-sonho, do sonho, e agora, me pergunto se foi ou não real. (Há) algum tempo (atrás) eu poderia jurar que não acabaria, que era possível a felicidade eterna e na sua forma mais simples. Eu sabia possível. As escolhas, as mais despretenciosas, mudam o curso das coisas, do olhar, do vir a ser, e fica fácil, fácil deixar a vida te levar para nem se sabe onde. É por isso que vez ou outra no caminho, a gente olha pra uma flor e acha graça: pra lembrar a nós mesmos de onde viemos, onde estamos e pra onde queremos ir.

http://fudafofa.blogspot.com/2006_02_01_archive.html
05/02

Chicrinhas entre parreiras
fudas entre sereias
hortinha amor cantar
O Siger vai devagar.
O peixinho vai devagar.
O Junior vai devagar.
Devagar... as janelas se olham.
Eta vida boa, meu Deus.
04/03

E eu, que passei parte da infância pagando de gatinha "me achando" a Change Marmende. Eis que, de repente, não mais que de repente, minhas aulas de inglês me levam para a Change MERMAID!

Nananinanão! Não podem mudar o nome da minha superheroína favorita sem me consultar antes. Ou seja, "ensetratando" de animais, eu era uma sereinha e nem sabia, ou melhor, sabia, mas não sabia que meu nome também era de/a própria sereia.

Ainda estou passada :(


Change Mermaid (Sayaka Nagisa) é a cientista da equipe. Ela é o "meio-termo" da equipe, tem um jeito maternal e um equilibrado senso de dever. Até hoje é tida como "a musa" da equipe, com roupas justas e curtas. Tem como ataques o Mermaid Attack e o Mermaid Raio das Ondas.
30/01

Sonhei que viajava para o passado. E chegando na escola, ao entrar na sala de mesas grandes e madeira escura, chorei instantaneamente, consciente do meu amor pelo antigo. E não me arrependi da passagem, ainda que arriscada. Estando ali, de volta ao que sempre soube ser meu lugar, pareceu-me a única realidade possível. E andei também pelas ruas de Higienópolis, cujos casarões e prédios pouco diferiam do então presente. Tudo tão real, que deixou marcas.

17 de jan. de 2009

Eu quero! Mais que isso, eu preciso!



























http://www.minale-maeda.com/Table%20Manners/TableManners.htm
16/01

Quando era criança do que eu mais brincava era de casinha. Tinha muitas panelinhas e até uma cozinha de verdade, feita em lata azul. É uma fascinação tão grande que explica meu total estado de felicidade só porque ele comprou um bulinho de alumínio, tonto, tonto, mas que eu amei! E ganhei o dia!
















----------

"despensar" deveria ser possível, como o é dispensar.


15/01

Hoje indo para o trabalho vi um casal de japoneses andando apressadamente pela rua. Ele, na frente. Ela, muito mais apressada no seu ritmo, vinha atrás, tentando acompanhá-lo. De pronto pensei: "Mas que cara sem educação! Custa ir mais devagar e esperar a esposa?". Mas aí lembrei que é assim mesmo seu jeito de viver, e pensei que ela talvez nunca tenha tido um ombrinho como o meu.

Não trabalhar tem um efeito poderoso na trajetória de uma vida. Primeiro de liberdade, de merecimento, de possibilidades. Depois de paralisi...