30 de jan. de 2007

já comecei e apaguei duas postagens. a primeira falava da minha vontade de conversar com alguém pelo msn, a segunda falava sobre tudo o que está ruim na minha vida. no fundo, eu só precisava mesmo digitar um pouco, sentir as unhas batendo no teclado macio. sentir que estou criando, colocando pra fora um pouco do todo. é só a sensação mesmo, mais nada. isso também poderia ser apagado...

27 de jan. de 2007

Depois de quase seis anos de espera, assisti Alphaville. Na seqüência (com tempo só de tomar um conhaque com gotas de chocolate), 2046-Os segredos do amor. Olha, vai esconder um segredo bem assim lá longe...

E como nada é por acaso, a imagem captada do pós-guerra não poderia ter sido outra: falta de nitidez, no complexo nebuloso em que ficamos.


Porque quando o não dito fala mais alto, não precisa palavras.
















(Guarulhos, Vila Rosália, num sábado ou domingo qualquer)
Se não te tens o mundo...

É só diferença de escala. Se não de tamanho, de tempo.

Hoje acordei com vontade de fazer arte.
(Ai de quem me perguntar o que são essas coisas!!!)
























































24 de jan. de 2007

O envelhecer se faz notar a cada dia, nas comparações simples, lado a lado. Do lado de dentro, a mudança é ainda mais nítida. Me importo menos.

23 de jan. de 2007

Havendo metades de um mesmo, boas ou más, se a felicidade invade o todo, torna-se uma questão de pontos de vista. Que de mal já não há, faz igualmente o bem. Colore tudo a sua volta. Transborda.

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Patchwork (trabalho com retalhos). Retalhos, sem retaliação. Assim deve ser.
Preguiça de terminar o que não gostaria de ter começado. Afasto, esqueço, ignoro. Ainda está. Sempre e claro a dizer que ainda está.
Estava. Farei já.

22 de jan. de 2007

Voltei a brincar de casinha. Dentro da panelinha, tem vontade, verdade e obstinação. Os pratinhos são coloridos, pra ajudar a animar, mas de rasos, deixam transbordar minha felicidade.
Semana curta de grandes expectativas. Começa o ano.

19 de jan. de 2007

Já cedo se apaixonou pela menina de cheiro da cor das unhas vermelhas. Por seus movimentos suaves mas precisos. Por sua maneira natural de fechar os olhos ao ouvir música. Ela, que mesmo de olhos fechados, sentiu o perfume das bancas de flores e os abriu por mera diplomacia, pois já as sabia ali. Ela, que se desculpou por esbarrar na planta, e sorriu para a própria sombra, que de tão exausta, amanheceu pura.

17 de jan. de 2007

Comentei com uns amigos que nos últimos tempos não consigo estudar. A opção de adiantar as coisas se inverteu. Me igualei aos 99% das pessoas que terminam na sexta-feira à noite o pré-projeto que têm que entregar no sábado de manhã, ou fazem no domingo de manhã as aulas do Telecurso Tec que têm que entregar no dia seguinte. A culpa é que tudo sempre dá certo. No final, o tempo dá. O prazo aumenta. O trabalho sai bom.
Sentada na janela, dei tchauzinho pro cobrador e ouvi a seguinte frase que achei o m á x i m o: "Estou mais perdido que filho da puta no dia dos pais".
Nessa manhã li no cardápio da padaria que eles preparam filé de frango e bife "Milanês". Estranhei porque sempre pensei que fosse "À milanesa". Tem bife português, escocês, por que não um bife milanês? Vai ver vem de Milão. Essa padaria depois que foi reformada, está toda chique mesmo...

16 de jan. de 2007

E quem diria que as goiabas hidropônicas do fundo do mar conseguiriam fazer a melhor goiabada que eu já comi na vida! Graças ao Sr. Escafandro, claro, que me trouxe o docinho!

15 de jan. de 2007

Ainda na cabeça a imagem das camas, escadas, bancos e tubulação mal cuidada. A vista alta de verde triste. O ar de outros tempos. A sensação que não se explica. Tudo relata dor e morte. Tantas e sobrepostas, a esconderem-se nas paredes e chão sempre a lavar. Na mobília arranhada, parte da história. Quantos já se deitaram. Quantos jamais saíram, ou sairão. Visita, breve recontato. Os movimentos chocam. Choca tudo o que é duro e frio, na mistura de carne e ferro, cimento e ar.
Nostalgia mórbida nos armários verde-claro. Contato gélido das manivelas dos leitos. Tudo está em Itaquera, no hospital Santa Marcelina.

8 de jan. de 2007

Todo mundo tem uma família, pra quem é importante.
As pessoas não importantes, também têm família, e as pessoas da nossa família, também são não importantes para alguém.
Assim, todo mundo, de alguma maneira, é importante.
Até as pessoas sem absolutamente nenhuma importância.
Família num sentido genérico. Pode ser amigo, amante. O incrível é a relativação (ou qualquer outra coisa no sentido de "relativo") das relações.
Não há verdade. Não há mais ou menos, melhor ou pior. Ou haverá? Até que ponto o vínculo oculta? Até que ponto a distância mostra a verdade?
Os olhos doem pela insistência em tentar dormir. Em vão. Panelas, fogões e o Código da Vinci vencem e deixam o sono leve, intranqüilo. Às 3h25 a vontade de sair, começar logo o dia, antes que já não haja o mesmo ânimo. Tempos depois, a lancheria da famosa esquina cheirava frango assado. Um adolescente de rua perguntou pra um cara que passava se já era segunda-feira. Quando bocejei, um outro comentou: "mas que soninho". O ônibus tinha escada e todos dentro eram fumantes. Pra esquecer, concentração nos olhos, mantê-los fechados mas não apertados. Jogar o pensamento pra longe, mas já não há muito o que pensar. Ausência temporária de problemas. Já não sinto fome. Férias merecidas para a ansiedade.

3 de jan. de 2007

Ainda bem que existe um ponto de recomeço, uma zeragem nos pontos. Se não houvesse sempre um novo ano, não haveria nossas promessas, nossos planos, nossas oportunidades, porque as empurramos sempre pra algum ponto distante, e só quando esse dia chega é que percebemos que é um dia depois do outro. Mas não tem problema! O que importa é que esse ano será um marco em vários sentidos, para várias pessoas. Estou feliz porque sei que terei muito trabalho e é muito bom fazer o que se gosta. Estou feliz porque esse ano será um desafio para um grupo de pessoas que tem todo meu carinho e minha admiração, e eu tenho um enorme prazer de poder conviver com essas pessoas todos os dias, e compartilhar com elas quase todo meu tempo.

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Nesse recesso de fim de ano duas das minhas plantinhas morreram. Fiquei triste, mas não muito. Aprendi a deixar algumas coisas pelo caminho. Acabou o tempo de reclamar as perdas.
Descobri ontem que todas as casas do bairro da minha avó fazem a comida com o mesmo cheiro da que ela fazia há vinte anos. Hoje ela já não cozinha mais, mas sentir aquele cheiro de novo por três segundos fez valer qualquer coisa. Voltei no tempo, no quintal cheio de árvores que me viu crescer. Eu, brincando ao cair da tarde. De repente o cheiro muda tudo. Fiquei extremamente feliz em andar por aquelas ruas de casas pobres. Eu já não me importava. Hoje, sou eu quem entra na padaria pra comprar alguma coisa. Eu pago com meu próprio dinheiro. Posso comprar os doces e sorvetes que eu quiser. Eu já alcanço no balcão. Eu sou vista. O morro em frente à casa também desaparece. Ele nunca esteve ali. Só há uma linda praça com grama. Um quintal do tamanho de um mundo. E uma saudade pra matar.

2 de jan. de 2007

Voltar ao centro para mais um dia de trabalho, às 12h de um dia quente e meio nublado, é como tomar um banho morno-frio após 2 horas de trânsito num ônibus lotado.
Senti voltar minhas energias, renascer minha esperança. Foi como se um pincel invisível me desse cores novamente, começando pelos pés que tocavam o chão com paixão, até os olhos, de brilho desigual. Quando desci do ônibus, estava ouvindo "Vamos a la playa", dos Menudos. Foi incrível.

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Musiquinhas antigas sempre são divertidas. Gosto dessas. Elas me fazer travestir personagens.

Cheia de Charme (Guilherme Arantes)

Quando a vi
Logo ali, tão perto
Tão ao meu alcance
Tão distante, tão real,
Tão bom perfume...
Sei lá!

(...)

Me perdi
Entre os seus cabelos
Pela sua pele
Nos seus lábios tão macios
Tão bom perfume
Sei lá.


Menina Veneno (Ritchie)

Menina veneno
Você tem um jeito sereno de ser
E toda noite no meu quarto
Vem me entorpecer

(...)

Menina veneno
O mundo é pequeno demais pra nós dois
Em toda cama que eu durmo
Só dá você

Não trabalhar tem um efeito poderoso na trajetória de uma vida. Primeiro de liberdade, de merecimento, de possibilidades. Depois de paralisi...