24 de jan. de 2016

Alfaiataria do Ponto

E foi assim, num desses arroubos não juvenis, que ao saltar do ônibus não deu mais do que seis passos antes de se voltar. Deu então, mais dezesseis rumo à Alfaiataria que não sabia, mas bem que poderia pressentir, mudaria uma das tantas chaves da sua existência, a ponto de ser essa a última para fechar a fórmula =SE(CHAVES.ABERTAS(Existencia) >= CHAVES.TOTAL(Existencia)/2+1;"Essencialmente feliz";"").
Saiu em lágrimas incontidas e incontáveis. Saiu no sentido físico, literal; jamais sairia por completo. Parte sua residiria para sempre lá, na Alfaiataria do Ponto, aos cuidados do Sr. Decio di Berardini, na Rua Bom Pastor, 3061. Quem diria desde 1938, que a aguardava o pequeno espaço entre lagos e bosques, agora terminais sem términos.
Ao descer do ônibus, bem que poderia pressentir. Seria agora feliz.

Um comentário:

Vinícius disse...

Coisa linda! Já estava com saudades da sua prosa poética.

Não trabalhar tem um efeito poderoso na trajetória de uma vida. Primeiro de liberdade, de merecimento, de possibilidades. Depois de paralisi...