Não trabalhar tem um efeito poderoso na trajetória de uma vida. Primeiro de liberdade, de merecimento, de possibilidades. Depois de paralisia, desacreditamento, despertencimento. Se o trabalho dignifica o homem, o não-trabalho, por conseguinte, o coloca à parte de toda possibilidade, mínima que seja, de simplesmente pertencer. Enquanto todos já saíram de casa há muito, você ainda dorme. Enquanto todos têm problemas a resolver, você assiste às novelas. Enquanto todos anseiam pelo fim de semana, você o tem todos os dias. E passam-se semanas e meses, e o sentimento de não-merecimento só aumenta. Não trabalhar é estar à parte da sociedade, é ser não-cidadão, é ter nenhum direito. E como por alguma inversão cruel, os vinte anos trabalhados frente ao um ano, de repente não contam, não valem nada. Um ano parada. Parada. Sem ter que acordar cedo, pegar trânsito, suportar chateações, superar desafios, nada. Só parada, enquanto todos ao redor cumprem uma sentença diária. Não é justo. Eu não mereço, eu não mereço...
E também passou.
Não tenho vidas paralelas, paralelo-me, e cada coisa a seu modo e a seu tempo tem a meu respeito uma visão. É certo que minhas plantas nutrem hoje por mim muito mais carinho do que sobrou em outro. E é certo também que eu guardo por elas exímia admiração. Estão sempre a sorrir e sempre, sempre à disposição para um toque sincero.
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