21 de fev. de 2006


Diário!

Depois da crise do final de semana, dos remédios homeopáticos que duvido que funcionem, da angústia de Dostoiévski, do cabelo que teima em não ficar como eu quero, das espiadas nos Fotologs de pessoas que, mesmo sem conhecer eu admiro, mesmo sabendo que jamais seria uma delas... depois de gastar quase R$100,00 em produtos light no supermercado e depois ainda de ter que comer qualquer coisinha leve a cada 3 horas, aqui estou eu. Demorei para escrever, porque preciso de calma, solidão, e nem sempre é fácil encontrar.
Não sei o que está acontecendo, e na verdade sei. O cansaço, a mesmice, a espera. O esperar por um dia em que terei dinheiro (embora sua falta não seja algo realmente relevante para mim, mas de certa forma, fica guardada um pouquinho por dia, até que se faz ver), uma bela vista da minha janela e enfim, felicidade.
É tão ridículo apostar todas as fichas em um único palpite, e eu sei que todos os meus "sonhos" não são suficientes para eu ser feliz, mas preciso apostar em alguma coisa, e no momento, o que mais almejo, é meu apartamento no centro, antigo, lindo, cheirando a casa de vó de manhã, é isso o que eu quero. Depois de ir ao apartamento da Tatá na semana passada, no
Bixiga, em meio a cantinas italianas e em frente a uma escadaria muito romântica, essa vontade aumentou, e aumenta cada vez mais. É como se minha vida pudesse ser poesia, todos os dias. Às vezes penso que se continuar assim, serei mais uma daquelas pessoas que acabam pirando e vivendo numa realidade paralela... quase me vejo comprando roupas de época e andando em preto e branco, rapidamente, pelo centro de São Paulo, como nas gravações antigas. Mas não. Acho mais provável que eu jamais encontre o que procuro, porque isso já passou. E a dificuldade de me encontrar agora, no meu espaço-tempo...
No trabalho as coisas caminham... parece que começam, mas nunca, nunca terminam. Isso me cansa: ver que as coisas estão pendentes, pairam no ar, sem nunca ser guardadas e arquivadas... mas tenho esperanças... do Mídias finalmente terminar, das ferramentas ficarem prontas. Tudo no seu lugar.
No domingo o Walens chorou. Parece que a forma que arrumei para me castigar de meu mau compartamento com ele é afastá-lo de mim e sofrer por isso. Esse seria meu castigo. O trato mal para me penalizar. Isso é meio inconsciente, mas agora acho que está claro. É isso que estou fazendo. Mas por que não simplesmente ser uma boa companhia? Por que não tentar ver que minha vida é perfeita? Parece que preciso encontrar um problema, afinal, não há personagens célebres sem problemas, sem sofrimento, sem dor. É preciso uma dificuldade, um objetivo. Talvez essa rebeldia com a vida, esse não querer viver, seja exatamente isso, uma rota de fuga para que possa ter uma vida memorável, ao menos para mim. Não entendo como consigo ver tudo tão claramente, e mesmo assim continuar nisso... "A consciência de saber estar-se deixando levar pelo inconsciente". É isso. Eu me conheço tão bem, que para ficar mais divertido, finjo que não me conheço.

E enquanto isso, continuo vendo fotos de Londres, viagens, pessoas, prédios. Realidades longes da minha, sonhando, sonhando... ...

Tudo tão longe...

Um comentário:

Tatá disse...

mas o bixiga tá perto e a Tatá mais ainda...
te entendo, mas sou mais às avessas, sabe? eu vendi a imagem que sou alegre, feliz, expansiva e que está tudo sempre bem... mas quando as coisas vão mal, elas vão pior. o pior (se é que pode haver pior) é que sou cobrada a sempre estar bem... ai, que cansaço!

Não trabalhar tem um efeito poderoso na trajetória de uma vida. Primeiro de liberdade, de merecimento, de possibilidades. Depois de paralisi...