(Dos rascunhos de 16/05)
Eu já desejei tanto morar no centro, em um prédio antigo como esse em que agora eu moro. Já sonhei ter muitas plantas, como as que agora me rodeiam. Eu queria muito ter meus livros à mostra, eles todos exatamente como eu vejo sentada do meu sofá. Daqui vejo ainda minhas máquinas de escrever, minha batedeira KitchenAid Tiffany, a toalha de tricô na mesa, o vaso de cristal, meu pé de mesa de máquina de costura. A verdade é que eu apenas olho para tudo isso. Eu vejo mesmo, e sinto, acima de tudo, é a ausência. É quem não está aqui.
Não tenho vidas paralelas, paralelo-me, e cada coisa a seu modo e a seu tempo tem a meu respeito uma visão. É certo que minhas plantas nutrem hoje por mim muito mais carinho do que sobrou em outro. E é certo também que eu guardo por elas exímia admiração. Estão sempre a sorrir e sempre, sempre à disposição para um toque sincero.
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