Sobre as inconstâncias
Se fossem outros tempos, nesse horário, 6h26, seria como trombetas anunciando um fim certo. Não mais, não hoje, ao menos. Olhando pela janela, do alto desse tão pequeno e imenso primeiro andar, posso imaginar as diversas cenas que acontecem paralelas em tantos outros pontos. Imagino um prédio com um bar no térreo, acendendo as luzes enquanto passa uma senhora levando seu cachorro pra passear. Imagino um cemitério, com a luz do sol esvaindo. Imagino muitas coisas. Coisas que ainda quero ver, quero sentir, quero registrar na memória efetiva, e não somente na memória imaginária.
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Tem certas coisas que mal passam e já deixam saudade. Tem certas pessoas que também. Esse mal passar pode ser só um instante, ou dias e anos afins.
Ando com saudade.
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Estou vivendo dias em que é impossível concluir um pensamento, postar algo com início, meio e fim, algo que tenha um objetivo certo, algo que fale com clareza sobre fatos ou pessoas. Desde a viagem ao Rio é como se ainda estivesse em órbita, como uma poeira leve e fina demais, se demorando no ar, até finalmente pousar. É assim que me sinto: vagando, sem jamais pousar. De repente, não há mais rotina, não há mais um porto, não há mais um consolo. Tudo está tão comum e distorcido, que não consigo me encontrar, não consigo me ver inserida novamente. É como um personagem de um livro qualquer, que sai para brincar e quando volta, vê que seu livro foi levado para muito longe e ele tem de continuar sem seu mundo, sem ninguém, em busca de uma outra história para viver.
Não tenho vidas paralelas, paralelo-me, e cada coisa a seu modo e a seu tempo tem a meu respeito uma visão. É certo que minhas plantas nutrem hoje por mim muito mais carinho do que sobrou em outro. E é certo também que eu guardo por elas exímia admiração. Estão sempre a sorrir e sempre, sempre à disposição para um toque sincero.
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Um comentário:
sil, você não está sozinha. lembre-se disso sempre.
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