Derrubaram uma casa na Consolação.
Uma casa que nem tinha tanto charme de tão conservada, mas era uma casa.
Onde um dia moraram pessoas
Pessoas que moraram na Consolação, em uma casa.
Não em um prédio, galpão ou estacionamento.
Não em um bar, loja de lustre, escola ou biblioteca.
Não no cemitério:
Moravam numa casa, na Consolação.
E ela era espaçosa, bonita, com varanda.
E seus banheiros deviam ter louças brancas, antigas, com banheira enferrujada.
E um tanque de concreto grande nos fundos do quintal.
Na sala, um lindo lustre
E a escadaria, com belíssimo corrimão onde já se apoiaram tantas românticas mãos
Felizes, porque habitavam uma casa na Consolação.
Não tenho vidas paralelas, paralelo-me, e cada coisa a seu modo e a seu tempo tem a meu respeito uma visão. É certo que minhas plantas nutrem hoje por mim muito mais carinho do que sobrou em outro. E é certo também que eu guardo por elas exímia admiração. Estão sempre a sorrir e sempre, sempre à disposição para um toque sincero.
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