19 de dez. de 2006

Acordei hoje com uma felicidade súbita. Sensação de que joguei uma pá de cal sobre um defunto ainda vivo. Sei que não sou tão superior para matá-lo de vez, mas também não guardo rancor, para deixá-lo vivo. Deixo-o ali, longe dos olhos, mas com a sepultura à vista. No giro 360º, muito rapidamente, paro nela meu olhar. Mas há outros muitos graus para olhar, é o que importa. Talvez coloque uma violeta sobre sua grama. Troque as flores já murchas e amareladas. Talvez converse com ele e chore desesperadamente. Chorar sobre defunto vivo, é ruim. Mas é assim que eu sou: como se nada tivesse acontecido, como se não tivessem me contaminado com um vírus lento e doloroso que aos poucos corrói tudo de bom que tenho por dentro.
Tomo anti-depressivos. Tomo antibióticos. Tomo anti-realidade em cápsulas grandes, à seco. Analgésicos. Sei que uma hora vão perder o efeito, mas até lá, espero já ter crescido, e não mais precisar deles.

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Uma das coisas que mais me deixa feliz no mundo é o começo da música "Chove Chuva", do Biquíni Cavadão. É assim:
eh, eh, eh, eh
oh, oh, oh, oh
eh, eh, eh, eh, eh, eh, eh, eh (3x)

Eh, eh, eh, eh
Oh, oh, oh, oh
Eh, eh, eh, eh

Parece tolo, mas eu recomendo para quem tiver perdido as esperanças. Comigo, funciona!

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