9 de abr. de 2007

Cabelos ainda molhados, chinelo. O minhocão, de feio, pode ser poético. Nos prédios germinados imagens talvez de nossa senhora, luz vermelha, luz verde. Estava no centro de tudo, que já posso chamar de meu. Sentar no banco cinza nunca teve aquele sabor.


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O jantar recém-feito do vizinho é sempre mais saboroso. O apartamento simetricamente oposto, também. É como olhar no espelho e não se saber imagem ou real.

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Minha fechadura tem 60 anos, logo, é de 1947 (precisei da calculadora pra fazer essa conta, claro). Isso é digno de orgulho trivial.

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Minha área de serviço tem compartimento para jogar lixo, que a gravidade se encarrega de levar até lá embaixo. P.S.: Pena que está lacrado :(

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Minha sala transforma qualquer pessoa em mosquitinho-de-verão: é impossível explanar o ambiente sem ficar vidrado na lâmpada branca.

Um comentário:

Anônimo disse...

Copinho, liricamente descrito como melodia para seus incautos ouvintes/leitores. Um lugar para chamar de "seu", tanto quanto o coração que um dia chamei de "meu"...

Não trabalhar tem um efeito poderoso na trajetória de uma vida. Primeiro de liberdade, de merecimento, de possibilidades. Depois de paralisi...