14 de fev. de 2008

Fico pensando nas coisas que são eternas (queria ter escrito etéreas). Uso pela segunda vez uma blusa de viscolycra e a costura já está arrebentada, algumas partes começam a juntar bolinhas e há marcas visíveis do pregador de roupa dando um ar, como se diz, "luminoso" à minha roupa. Isso significa que Heleninha definitivamente não vai brincar de ser gente grande com esta blusa. Isso significa também que a filha da Heleninha não vai herdar esta blusa. E significa mais: que a neta da Heleninha não vai conseguir um troquinho com esta blusa num brechó do futuro. É triste, porque as coisas que perpassam pelo tempo levam consigo tudo: as cores, as pessoas, os cheiros, os acontecimentos, os sofridos e os sonhados. São assim a mobília. São assim os cristais e as construções. E deve ser tão surpreendente e melancólico ver sentar-se sobre você tantas pessoas, que envelhecem enquanto você envelhece calado, a observar as relações humanas e a brevidade da vida.

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